Luciene Adami agora dá aulas de teatro

Não é todo aluno que já viu sua professora com os peitos de fora. E não estamos falando de membros de nenhuma escola fictícia, e sim, dos estudantes da escola de teatro Célia Helena e da Casa do Teatro, que têm aula com Luciene Adami, protagonista da primeira cena de topless da tevê brasileira, na novela Pantanal, que a extinta Rede Manchete exibiu em 1990.

"É incrível! Na escola, os alunos lembram até mesmo do nome do personagem e vêm me chamando pelo nome dela", revela a atriz, justificando os 31 pontos de ibope que a novela alcançou na época, muito por conta de seu papel - Guta, uma jovem da cidade grande que vai parar no Pantanal, e aí, da metrópole para um banho nua no lago, foi um pulo. Para ela, foi sem dúvida o personagem mais marcante de sua trajetória na tevê. "Nem tenho palavras, a novela, além de linda, foi um divisor de águas na teledramaturgia brasileira. E gravar no Pantanal não era trabalho, e sim uma aventura!"

Mas esse não foi o único papel de Luciene que a marcou. "Também gostei muito de fazer a Maria Laura, de Éramos Seis. Adoro fazer vilão, acho que por ser muito boazinha na vida real, deixo tudo no trabalho quando interpreto uma personagem má. Vou para casa num bom humor..."

Outra faceta que a atriz desenvolveu nos anos 90 foi a de apresentadora. Ela ancorou programa educativo infanto-juvenil Revistinha da TV Cultura (emissora em que fez também parte da minissérie infantil Sãos e Salvos). "Foi um aprendizado, fazer um programa ao vivo todos os dias é um exercício diário."

Mesmo com todo esse currículo, desde que fez uma participação especial na novela A Pícara Sonhadora, do SBT, não se soube mais de Luciene na tevê. Ela desmente: "Fiz uma participação no Turma do Didi. Eu era louca para fazer o programa dele, coisa de criança, sabe? O Didi e o Golias são pessoas que eu admirava muito na minha infância toda."

Durante esse período, também chegou a fazer parte do elenco de Malhação, como uma ex-namorada de Claudio Heinrich. Ela comenta a experiência: "Por incrível que pareça, Malhação tem diretor - que dirige. Fiquei surpresa."

Mas a megaestrutura de produção da Rede Globo parece não ter seduzido Luciene, gaúcha que trocou Porto Alegre por São Paulo. Mas não faria o mesmo pelo Rio. "Prefiro São Paulo, me identifico mais com o jeito de as pessoas se relacionarem. E não é só isso - aqui tem muito mais coisa para fazer, e muita oportunidade." Nesse pacote, ela inclui o teatro. "Estou encantada com a produção teatral atual. Nos anos 90, era muito comercial. Porém, hoje em dia tem opções ótimas, de diferentes estilos: Cia. do Latão, Teatro da Vertigem, Cemitério dos Automóveis..."

Agora longe da tevê - "nenhum movimento de procura, nem de recusa", é como ela define a situação - a atriz está se aproximando cada vez mais do cinema. Atualmente, desenvolve um projeto de longa-metragem com o cineasta Carlos Gerbase (o mesmo de Tolerância), com quem também fez o premiado curta Deus Ex Machina. "Vai se chamar Roteiros Encontrados no Computador. Não posso contar muito mais, mas a trama gira em torno de um cineasta que morre e deixa roteiros a serem filmados - todos escondidos no seu computador."