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17.04.2011 | 03h00

80% das escolas estão em prédios sucateados

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Cerca de 80% das 730 escolas estaduais de Mato Grosso funcionam em prédios velhos e que precisam de algum tipo de manutenção. A rede elétrica é precária e não suporta a instalação de equipamentos eletrônicos como computadores e ar condicionados. Em alguns casos o produto fica encaixotado à espera de investimentos na estrutura física. Professores e alunos ficam expostos ao risco de curto-circuito e incêndios.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso (Sintep), Gilmar Soares Ferreira, diz que as escolas correm o risco de perder equipamentos com os blecautes, que são constantes. O prejuízo pode ser ainda maior nos laboratórios de informática.

Sem equipamentos a educação oferecida é comprometida. Ferreira avalia que os métodos eficientes estão cada vez mais ligados aos avanços tecnológicos e sem equipamentos é difícil atrair o interesse dos alunos. "Temos uma educação falida".

Nos últimos anos existe uma cobrança da sociedade para ampliação do tempo dos alunos dentro da escola, mas o presidente do Sintep assegura que não existe estrutura nem sequer para garantir o horário atual.

Quanto a climatização, o presidente do Sintep relata que o calor compromete o aprendizado. Os alunos ficam inquietos dentro da sala e não conseguem se concentrar. "A instalação de ar condicionado é uma questão de necessidade e fundamental para qualidade do trabalho".

Além da rede elétrica sucateada, as unidades sofrem com infiltrações, goteiras, falta de espaço. As áreas destinadas ao lazer estão abandonadas e não há espaço adequado para a prática esportiva.

Não há recursos suficientes para atender a demanda. Ele esclarece que houve muito investimento nos últimos anos, mas as melhorias são emergências, enquanto os prédios precisam de reformas completas.

Entre os problemas diagnosticados pela entidade está a dificuldade na relação entre as construtoras e a Secretaria de Estado de Educação (Seduc). As empresas não respeitam os prazos de entrega e usam materiais de qualidade inferior ao exigido. Parte delas ainda não faz o serviço dentro das normas, o que gera danos na estrutura logo após o conserto.

Falta de recursos -Nos últimos 6 anos cerca de R$ 300 milhões, provenientes do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) deixou de ser aplicado na educação. Outros problemas que afetam os cofres do setor é a compensação de dívidas do Estado e o pagamento dos servidores aposentados. Ferreira acredita que a Seduc faz milagres com os R$ 1,3 bilhões de orçamento anual.

A compensação de dívidas acontece quando o governo deve ao servidor e paga por meio de carta. O documento é comprado por empresários que sonegam os impostos por valores baixos e são usados para quitar o débito deles com o Estado. Desta forma, o dinheiro deixa de passar pelos cofres públicos e ter a porcentagem encaminhada para a educação.

Já no caso dos servidores aposentados, existe um Fundo de Previdência, que é pago pelos funcionários da ativa desde 2005. O dinheiro retirado dos salários antes da implantação do fundo foram utilizados em investimentos e não existe o suficiente para pagar os aposentados, que tem os vencimentos descontados do recurso da Educação.

Escola Barão - Construída a 29 anos, a Escola Barão de Melgaço, em Cuiabá, sofre com os problemas no sistema elétrico e também a falta de espaço. Todas as salas possuem ar condicionado, mas sempre acontecem blecautes. Os apagões são frutos do esgotamento do sistema elétrico.

Ao todo são 12 climatizadores de ambiente, dos quais apenas 4 foram comprados pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc). O restante foi adquirido com recurso da escola e com a ajuda da comunidade.

O dinheiro não foi suficiente para comprar um produto com alta capacidade. As salas ficaram mais confortáveis, porém nos dias de calor intenso, a temperatura fica alta dentro dos ambientes.

A diretora da escola, Naura Faria Silva, 50, fala que precisou desativar todos os ventiladores. O primeiro motivo foi o sistema elétrico e o outro a falta de recurso para fazer a manutenção. O ideal é que o resfriador seja avaliado pelos técnicos 4 vezes ao ano, mas o serviço pode ser pago somente 2 vezes no período.

Naura trabalha há 25 anos na unidade e diz que poucas melhorias foram realizadas no prédio, que abriga 550 alunos. Ela vê com tristeza a situação da escola.

As infiltrações estão nas paredes e principalmente no teto. Quando chove, acontece uma correria entre os servidores. Na sala dos professores, por exemplo, baldes são deixados no canto da sala para proteger os móveis das goteiras.

Os livros estão espalhados por todos os ambientes e muitos mostram sinais de desgaste pela exposição a chuva e falta de lugar adequado para guardar.

Os alunos tem dificuldade no acesso porque não há como fazer um catálogo de localização. Alguns, como Rodrigo Gonçalves, 8, pegam os gibis e edições infantis na sala dos professores, onde está maior parte do estoque, e sentam-se no chão para ler.

Ele diz que gostaria muito de ter na escola uma biblioteca como a que ele vê na televisão. O menino também sonha poder usar quando quiser o laboratório de informática, que está em uma sala de aula. Para não interromper as aulas, o acesso é limitado. Rodrigo está há 3 anos na unidade e usou o computador em 3 ocasiões.

A falta de espaço também está na área de lazer. A estudante Mirelly Cruz da Silva, 7, assegura que gosta muito da escola e dos professores, mas gostaria de ter um parquinho para brincar. Os brinquedos da escola estão quebrados e ficam em um corredor, onde cai água de aparelhos de ar condicionado.

Nilo Póvoas - As marcas de mofo no teto apontam o local das goteiras, que estão em vários pontos da Escola Estadual Nilo Póvoas, que tem 45 anos e é uma das unidades mais antigas de Cuiabá. O telhado nunca teve uma reforma geral e já não consegue proteger o ambiente interno das chuvas, que também invadem a quadra coberta da escola, levando lama para o piso.

O coordenador da escola, Donizetti Ribeiro, afirma que mesmo com os reparos, o imóvel é antigo e não está adaptado a nova realidade. Das 20 salas, 4 precisam de ar condicionado, mas o sistema elétrico não suporta novos equipamentos.

Ribeiro informa que existe um projeto do governo federal para a climatização de escolas, mas a unidade não pode concorrer antes de receber investimentos da Secretaria de Estado de Educação para reformulação do sistema.

Outro problema da unidade é a falta de adaptação para deficientes físicos. Existe uma rampa na entrada, mas caso o aluno cadeirante queira passar de um pavimento para outro, precisa usar a escada. Ele fica dependente de terceiros para circular dentro da escola.

No ano passado, um deficiente físico tentou se matricular, mas depois que observou a estrutura física, optou por mudar de escola.

Outro lado - O secretário adjunto de Estrutura Escolar da Seduc, José Ricardo Elias, disse que as unidades escolares tem idade média superior há 20 anos e não foram preparados para receber as demandas energéticas, o que faz o sistema elétrico ser o principal problema nas escolas.

Elias assegura que a equipe técnica da secretaria está fazendo um levantamento da infraestrutura para fazer as adequações. O secretário adjunto esclarece que os problemas da rede física estão sendo resolvidos com os investimentos para a recuperação dos prédios antigos e a construção de novas unidades para atender a demanda, conforme pode se comprovar em nossa lei orçamentária.

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