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Opinião - A | + A

01.04.2009 | 03h00

Prometer e não cumprir...

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Não sei se você há de concordar comigo, caro leitor, mas nesses últimos tempos tenho pensado muito e chego à conclusão de que o que diferencia o homo sapiens dos demais animais é a capacidade de mentir. Como mente o ser humano, principalmente o político.

O francês refere-se à mentira com um elegante termo: "arriere-pensée". Significa dizer que o ser mentiroso quer mostrar que existe um pensamento ou intenção oculta enquanto fala coisas totalmente diferentes. Ou seja, inverte a lógica do fato acontecido. Comete um desatino. E pensa: "Será que estaremos infringindo a ética quando erramos e tentamos nos isentar dessa falha acusando sorrateira e levianamente pessoas inocentes?" O conceito de ética aqui fica abalado se a resposta a esse ato não for afirmativa.

Eu sei que para um bom entendedor, poucas palavras bastam, mas esclareço melhor. Esse mentir ao qual me refiro é um misto de calúnia, de falta de idoneidade moral e não passa somente pela expressão verbal, discurso de políticos em campanha. Refiro-me também ao aspecto da atitude, da ação. Fora isto outros exemplos podemos citar onde a mentira é a palavra da vez. Basta dizer que é por isso que a política/partidária nunca deixou de ser coito de traições - onde o amigo (correligionário) de hoje será o inimigo, o adversário de amanhã -; que a Economia virou esse engodo do economês (Delfim Neto, quando ministro da Fazenda à época do regime militar) dissera: "Vamos deixar o bolo crescer para poder repartir". Se repartiu esse "bolo", as fatias foram dadas apenas à elite deste país. Pois o pobre continua cada vez mais miserável. Estendendo mais este assunto, a Religião se transformou num verdadeiro mercado persa de almas penadas mantenedoras do dízimo que tem enriquecido donos de igrejas. É um verdadeiro abuso da inocência dos seguidores de seitas, onde se promete curas, emprego e coisa e tal aos pobres fiéis.

São mentiras demais, veja outro caso. Um renomado advogado ao defender um cliente criminoso, estuprador... Com suas palavras contestadoras e com a arte de representar deixa o Corpo de Jurados às lágrimas com suas ações, sua prática de mentir, e com isso, consegue a liberdade do seu cliente, ou no mínimo a redução da pena por parte do juiz, libertando o bandido da prisão direto para o espaço da mentira dos normais. Isto não quer dizer que todos os advogados mintam. É que as palavras do advogado foram tão bonitas e emocionantes que pareceram verdades. E, às vezes as pessoas honestas e verdadeiras são punidas, por não terem a sorte de contratar um "bom" mentiroso, ou melhor, um bom advogado para defendê-lo. Temos casos de jornalistas e apresentadores de tevê aqui mesmo em Cuiabá que são constantemente processados e/ou condenados só porque falam verdades, não são demagogos.

E nas campanhas eleitorais os candidatos se esmeram na arte de mentir. Conseguem enganar, com suas promessas mentirosas, os cautos e os incautos de suas intenções, caso seja eleito. Veja o caso do prefeito Wilson Santos. Ele disse à época: "O meu vice-prefeito, deputado Galindo terá que ter paciência, pois não será prefeito nesses próximos quatro anos, pois eu irei cumprir o meu mandato até o fim". Tudo mentira! Já se cogita o lançamento do seu nome para o governo do estado em 2010. O ex-presidente FHC, quando o Lula lançou o programa "Fome Zero", disse que no Brasil ninguém passa fome. É um misto de mentira com desconhecimento dos problemas do país.

Mas no meio político mentir é tão normal que o nosso poeta contemporâneo e um dos melhores prefeitos que já tivemos Roberto França -, diz sempre: "Prometer e não cumprir é o mesmo que mentir." Peço data vênia ao meu amigo Roberto por emprestar seu slogan para intitular este artigo. Hoje dia 1º de abril é o "Dia da Mentira".

João da Costa Vital é contador, pedagogo, jornalista e analista político e escreve às quartas-feiras em A Gazeta. joaocvital@pop.com.br

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