Hornet e Bandit brigam bem na estrada

Elas não só parecem motos rápidas. São dois "rojões": têm motores de quatro cilindros, 16 válvulas e 600 cm³ de cilindrada. Os freios param até pensamento e os pneus são enormes. Ambas são motos do mesmo gênero: embora tenham muita potência, são desprovidas de carenagem. Por causa disso, o estilo delas é chamado naked, nu em inglês. Nada de pilotar afocinhado atrás de uma bolha plástica. A novidade do segmento é a Honda CB 600F Hornet: começou a ser feita em Manaus (AM) em novembro de 2004. Tem motor refrigerado a água e é a mais potente: são 96,5 cv. Seu preço é de R$ 29.537, mas a maioria das revendas da capital cobra R$ 32 mil, valor sugerido pela associação dos concessionários que inclui frete e montagem.

Como está há tempo no mercado, a Suzuki Bandit N600 passa por processo inverso: seu preço é de R$ 33.586, mas boa parte das revendas Suzuki pede R$ 30.500 por ela em razão da chegada da concorrente. Apesar de mais antiga e menos potente (78 cv), a Bandit segura um empate neste confronto porque seu motor tem funcionamento muito suave e as suspensões se comportam um pouco melhor em piso ondulado.

Além disso, tem cavalete central, trava para capacete e marcador de combustível, equipamentos inexistentes na concorrente. A Honda Hornet até tem uma lâmpada amarela que avisa a chegada da reserva de gasolina, mas não é a mesma coisa.

Por causa de seus 18,5 cv a mais, a Hornet acelera e retoma velocidade mais rápido que a Bandit. Com cilindros dispostos em linha, seu motor é bem parecido com o de um carro também por causa do sistema de refrigeração a água, que utiliza radiador e ventoinha elétrica. Em trânsito pesado dá para ouvi-la funcionar, como ocorre com os automóveis. Também como nos carros, o painel traz um indicador da temperatura de funcionamento do motor.

Na estrada, andando a 120 km/h em sexta marcha, esse propulsor trabalha folgado, a cerca de 5.600 rpm, menos da metade da rotação de potência máxima (12.000 rpm). E não é preciso reduzir marchas para ganhar velocidade. A força em rotação baixa também agrada e por isso ela vai bem no trânsito mais lento. Muito parecido, mas refrigerado a ar e a óleo, o motor da Bandit se destaca pela suavidade. Na estrada, girando a cerca de 6.000 rpm, não se percebem vibrações. E assim como o modelo da Honda, a Suzuki esbanja força em rotações baixas.

Honda Hornet e Suzuki Bandit têm um ótimo ronco. As duas chegam a 220 km/h e devem fazer cerca de 15 km/litro (as fabricantes não divulgam estes dados). Em tese, o tanque maior da Bandit favorece viagens mais longas. O tipo de quadro que cada uma dessas motos usa produz efeitos estéticos bem diferentes. O da Hornet é mais atual e utiliza o motor como parte da estrutura da moto. Por causa disso quase não se vêem tubos e travessas.

A estrutura da Bandit é mais visível: passa por baixo do motor e pelos dois lados do tanque. Honda Hornet e Suzuki Bandit têm freios muito bons, a disco nas duas rodas, e fazem curvas com segurança. A suspensão da nova Honda, mais firme, favorece as tomadas de curva mais rápidas em asfalto liso. E seu pneu traseiro é 2 centímetros mais largo que o da concorrente (os dianteiros são exatamente iguais). A veterana Suzuki, no entanto, assimila melhor as ondulações e assusta menos o piloto quando passa por falhas ou emendas. O conforto de rodagem é um pouco melhor na Bandit. A posição de pilotagem agrada nas duas. No corredor entre os carros a Hornet vai melhor. É mais fácil de controlar por ter 24 quilos a menos.