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30.07.2003 | 03h00

Os grandes tabus da história

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Um dicionário define a palavra tabu como "aquilo sobre o que se silencia, por medo, por pudor". Marc Ferro, em Os Tabus da História (Ediouro), faz uma exposição de como eles nascem e são "criados", alimentados, pela política e pelos historiadores. O ponto de partida do ensaio é narrado de forma engraçada pelo historiador. Depois de dizer que Joana d"Arc era tratada como uma heroína por livros escolares soviéticos, ele foi convidado a participar de um debate na TV.

Ferro achou que repetir essa história era pouco, que, como intelectual, tinha o dever de ir além. Foi estudar e encontrou algumas referências interessantes sobre a sexualidade da santa: ela não tinha contratempos habituais das jovens mulheres "nem atração pelos rapazes". "Era algo de sensacional sobre o qual eu não tive a menor pista em qualquer outro lugar. Munido dessas informações fui para o programa." Na hora de contar essa história a boca de Ferro congelou, seus lábios tremeram e ele disse: "Na Rússia, Joana d"Arc era considerada uma heroína nacional, da estirpe de Alexandre Nevski..."

O historiador faz um registro de alguns casos de esquecimento histórico, um esquecimento que não se faz pela censura ou pela autocensura, mas num processo muito mais complexo, que ele não chama, talvez por ver algum mal nisso, de ideológico, no sentido amplo do termo. Ainda sobre Joana d"Arc, ele afirma que Milla Jovovich é a única que a interpretou que sugeria algumas das particularidades a que aludiu.

Depois, Ferro parte para outros temas. Sobre a 2ª Guerra Mundial, ele defende que a importância da ação do Exército Vermelho na vitória aliada foi diminuída na França não só por conta da guerra fria, mas também porque os franceses não conseguiram resistir à força da máquina de guerra alemã.

Sobre o conflito, o historiador levanta uma série de pequenos tabus, entre derrotas, vitórias e combates - por exemplo, o reduzido valor que se dá à resistência italiana: "Eles contarão, durante aqueles meses (1945), mais mortos alemães do que houve na União Soviética."

A questão judaica aparece em vários momentos. Mas há um capítulo dedicado às diversas origens geográficas e raciais daqueles que foram considerados e passaram a se considerar todos semitas. Ferro levanta a existência de grupos berberes, no norte da África, convertidos ao judaísmo, num processo menosprezado tanto por judeus quanto por não-judeus.

Mais do que curiosidades, esses e outros casos ajudam a entender como nascem e se alimentam tabus que têm uma influência na realidade, porque esses esquecimentos têm implicações políticas diretas. Conhecê-los ajuda a olhar o mundo e a história com uma desconfiança necessária para não sermos iludidos.

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