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10.12.2025 | 11h36

Não precisamos ver o futuro repetir o passado

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Bruno Moreira

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Essa semana assisti à nova série documental do Globoplay, “Cazuza – Além da Música”, que em um dos episódios destaca o início e o avanço da Aids no Brasil. O que mais impressiona não é apenas o drama vivido por Cazuza, mas a perversidade com que a doença foi tratada nos anos 80, inclusive pela própria imprensa. Manchetes de jornais e revistas rotulavam o HIV como “câncer gay” e até mesmo como “castigo divino”, por associarem a condição exclusivamente à homossexualidade. Era um retrato cru de um país que, diante de algo novo e desconhecido, reagiu com medo e ignorância. Será que mudamos?

 

Mesmo com o avanço da ciência, da tecnologia e do acesso à informação, esse padrão humano permanece. A pandemia de Covid-19 deixou isso claro. Diante de outra doença nova, parte da população reagiu de maneira semelhante: com desconfiança, negação e apego a crenças pessoais que ignoravam totalmente as evidências científicas. Pessoas deixaram de se vacinar, acreditaram em soluções improváveis e abraçaram explicações ideológicas em vez de buscar respostas fundamentadas.

 

Esse paralelo revela uma característica profunda do comportamento humano: quando o novo nos ameaça, recorremos a vias emocionais para tentar recuperar o senso de controle. É mais fácil negar o desconhecido do que encará-lo. É mais confortável abraçar uma ideia simplificada, mesmo que equivocada, do que enfrentar a complexidade. No fundo, essa resistência não nasce da maldade, mas do medo.

 

O problema é que o medo, quando não reconhecido, se transforma em negação. E a negação tem consequências. Custou vidas nos anos 80 e custou vidas recentemente. A dificuldade em aceitar aquilo que foge ao nosso repertório produz respostas impulsivas, polarização, julgamentos injustos e atraso na adoção de medidas essenciais.

 

O episódio de “Cazuza – Além da Música” funciona como um lembrete claro: lidar com novidades exige humildade e maturidade emocional. Exige disposição para ouvir, aprender e revisar crenças antigas. O desconhecido sempre virá, seja como um vírus, uma inovação tecnológica ou uma mudança social profunda. O que determina o impacto dele sobre nós não é apenas sua natureza, mas a forma como escolhemos reagir.

 

Se quisermos evoluir como sociedade, precisamos olhar para esses capítulos da nossa história com honestidade e aprender com eles. A Aids e a Covid são, cada uma a seu modo, provas de que o maior desafio não é a novidade em si, é o quanto resistimos a ela.

 

Bruno Moreira (@obrunocos) é publicitário e gestor de marketing.

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