18.07.2025 | 10h20
Divulgação
Receber um diagnóstico de câncer é, por si só, um dos momentos mais difíceis da vida. Quando a doença atinge a região da cabeça e pescoço, os impactos se estendem além do físico, atingindo diretamente a identidade, a comunicação e as relações sociais do paciente.
Funções básicas como falar, comer, respirar e sorrir podem ser comprometidas. Cirurgias, radioterapia e quimioterapia frequentemente causam alterações visíveis na face, no pescoço e na voz. Essas mudanças refletem diretamente na autoestima. Olhar no espelho pode se tornar um lembrete doloroso da doença. A imagem corporal, profundamente ligada à percepção de si, é abalada, exigindo uma dolorosa adaptação ao “novo eu”.
A dificuldade para falar (disfonia ou afonia), engolir (disfagia) e expressar emoções faz com que muitos pacientes evitem convívios sociais. Reuniões familiares, refeições em grupo ou simples conversas do dia a dia passam a ser evitadas. O medo do julgamento, a frustração de não conseguir se expressar e a sensação de não pertencimento geram isolamento, tristeza profunda e, muitas vezes, depressão.
O medo da recorrência é constante. A ansiedade diante de exames e a incerteza sobre o futuro mantêm o paciente em estado de alerta. Mesmo após a remissão, muitos convivem com sintomas emocionais duradouros, como insônia, flashbacks, hipervigilância e sentimentos de vulnerabilidade. Em alguns casos, pode surgir a síndrome do estresse pós-traumático (TEPT).
Diante desses desafios, é fundamental garantir suporte psicológico adequado. Como destacou a Dra. Jimmie C. Holland, pioneira da psico-oncologia: “A intervenção psicossocial no câncer não é um luxo, mas uma parte essencial do cuidado oncológico.” Grupos de apoio, psicoterapia e escuta qualificada são ferramentas importantes para reduzir o sofrimento emocional e fortalecer a resiliência do paciente.
A espiritualidade, independentemente da religião, também pode ser uma fonte de conforto e significado. E cabe aos profissionais de saúde — médicos, enfermeiros, fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos — atuarem de forma integrada para garantir um cuidado verdadeiramente humano e integral.
Enfrentar o câncer de cabeça e pescoço é uma jornada silenciosa de coragem. Mesmo quando a voz falha e o sorriso se esconde, esses pacientes nos ensinam sobre força, superação e a potência do espírito humano.
Rogério Leite é cirurgião oncológico, especialista em cirurgia de cabeça e pescoço, com foco em câncer de tireoide e tireoidite de Hashimoto. Com mais de 20 mil cirurgias realizadas, alia prática clínica, ciência e prevenção para promover saúde com excelência.
Publicidade
Publicidade
Milho Disponível
R$ 66,90
0,75%
Algodão
R$ 164,95
1,41%
Boi à vista
R$ 285,25
0,14%
Soja Disponível
R$ 153,20
1,06%
Publicidade
Publicidade
O Grupo Gazeta reúne veículos de comunicação em Mato Grosso. Foi fundado em 1990 com o lançamento de A Gazeta, jornal de maior circulação e influência no Estado. Integram o Grupo as emissoras Gazeta FM, FM Alta Floresta, FM Barra do Garças, FM Poxoréu, Cultura FM, Vila Real FM, TV Vila Real 10.1, TV Pantanal 22.1, o Instituto de Pesquisa Gazeta Dados e o Portal Gazeta Digital.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem a devida citação da fonte.