11.03.2004 | 03h00
Investigações da Polícia Civil de Brasília (DF) apontam a ligação de João Arcanjo Ribeiro com a "máfia italiana" - que, segundo inquérito, bancou as casas de jogos eletrônicos caça-níqueis e bingos - a partir de 1996, no Brasil. Arcanjo é proprietário de um dos 22 grandes bingos de Brasília, o antigo Palácio, hoje Capital, que funcionou até dia 21 de fevereiro, com uso de liminar. O delegado do DF, Miguel Lucena, afirmou para A Gazeta que, ao fim do inquérito, Arcanjo deve ser indiciado por lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e formação de quadrilha.
Um dos documentos que comprovam que o Bingo Capital pertence à Arcanjo é um fax enviado em 09 de maio de 2002 ao Luiz Alberto Dondo Gonçalves, com explicações sobre o faturamento e prejuízo da casa de jogos. Dondo, que está preso em Cuiabá, era contador de Arcanjo. No fax, alguém identificado como "Messias" chama Arcanjo de chefe e informa sobre faturamento e gasto do Palácio.
Segundo o delegado Lucena, a conexão entre Arcanjo e a máfia italiana estaria comprovada por documentação, depoimentos, grampos e rastreamento. "Ele foi contatado pela família Ortiz, do Alejandro Ortiz Fernandez, espanhol que é financiado por famílias da máfia italiana para abrir as casas de jogos no país. O Arcanjo teria ficado com a responsabilidade de cuidar dos negócios no Centro-Oeste e, além de dono, é fornecedor de máquinas para os exploradores daqui", explicou o delegado.
Italianos chamados na investigação de "testas de ferro" da máfia italiana também estariam instalados em Brasília para explorar a atividade. Dois dos nomes citados são os dos donos do Super Bingão Diversões Eletrônicas, Stefano Rosno e Piero Rosno. "A conexão ficaria mais clara se pudéssemos abrir toda a investigação, mas ela não foi concluída e ainda temos investigações em curso".
Lucena conta que Ortiz, através da empresa Recreativos Franco AS, da Espanha, trouxe o negócio para o Brasil em 1996. Para organizar o setor, um consórcio de "bingueiros", bicheiros e donos de caça-níqueis teria sido montado. "No Brasil, Ortiz fez contato com homem chamado José Olímpio de Queiroga Neto, citado no caso, conhecido como "escândalo do Super Bingão de Importados". José foi link entre Ortiz e Arcanjo e os dois contrataram Messias Alencar, bicheiro de Goiás, para administrar as máquinas no DF", revelou. A empresa que teria o papel de distribuir as máquinas de caça-níqueis em todo o Brasil seria a BSP Comércio e Serviço, com sede em São Paulo (SP). Porém, essa empresa teria ligação com várias outras, localizadas em pontos diferentes de Brasília, mas que, com o andamento das investigações, teria ficado comprovado que pertenceriam a um mesmo grupo. "Trabalhamos com a hipótese de que são três grupos que atuam aqui. Tudo indica que eles trabalham num consórcio, de forma harmônica, e tudo seria controlado por um único grande grupo".
Lucena, que é diretor de Comunicação da Polícia Civil de Brasília, afirma que 60% da apuração está concluída e, com este volume, deu para perceber que o grupo sonega impostos com a atividade registrada em nome de "laranjas" e abre negócios lícitos, em vários setores, com dinheiro do crime. "Agora estamos identificando os donos para indiciá-los". (Outras informações na página 3)
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