Patrimônio Imaterial de Cuiabá 17.11.2025 | 11h02

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Reprodução
A pequena casa simples e o quintal largo em São Gonçalo Beira Rio, onde o som dos tamborins, ganzá e mocho ecoam há décadas, volta a ser cenário de uma história que nunca deixou de pulsar. Ali, entre o Rio Cuiabá, a comunidade ribeirinha e o terreiro onde o Siriri aprendia a nascer nos pés das crianças, que começaram, no dia 13 de novembro de 2025, as gravações do documentário “Flor Ribeirinha: Do Início ao Patrimônio Imaterial de Cuiabá”. Uma obra sensível que coloca no centro da narrativa, conduzida pelo artista multifacetado André D’Lucca, a vida, a força e o legado de dona Domingas Eleonor da Silva, matriarca e fundadora do Flor Ribeirinha.
Com apresentação do ator André D’Lucca, roteiro e pesquisa de Mirella Duarte, som direto de Yuri Kopcak, direção de fotografia de Marcos Maia, coordenação geral de Ariana Carla, produção da BemTivi Academia de Arte, Dourado Produções e WN Produções Artísticas e realização da Associação de Desenvolvimento da Educação, Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso (ADECELMT), a obra reúne profissionais com larga experiência no audiovisual e na pesquisa histórica.
Por três dias, as filmagens percorreram caminhos que são mais emocionais que geográficos: da casa de Domingas à comunidade, das margens do rio às histórias guardadas na memória dos moradores. As gravações se encerraram no dia 15 de novembro, na residência do artista plástico Adriano Figueiredo, um dos entrevistados. Também conta com o depoimento do diretor artístico e neto da homenageada, Avinner Silva, que divide sua visão sobre a modernização e a internacionalização do grupo.
O projeto trata-se de um documentário sobre uma mulher que virou patrimônio. É mais que um filme sobre o Flor Ribeirinha, o documentário é, nas palavras da diretora-executiva do projeto, Ariana Carla, um retrato íntimo da mulher por trás do movimento cultural.
“O documentário vai falar do Flor Ribeirinha para o mundo, sob a perspectiva de dona Domingas. Quem é esta mulher que fundou o grupo? Então é um documentário focado nela, na pessoa dela. Depois entra o Avinner falando sobre a modernização do Flor, sobre o crescimento, de ter ido a outros países e conquistado títulos e troféus”, destaca Ariana.
Ao colocar dona Domingas como protagonista, a produção reconhece não apenas sua importância artística, mas o impacto social que ela gerou: uma mulher que começou ensinando Siriri no quintal de casa e transformou essa tradição em um movimento internacional, reconhecido e premiado na Turquia, Polônia e em diversos Festivais da Cultura Popular ao redor do mundo, percorrendo 23 países.
DONA DOMINGAS
Vovó Domingas, como é carinhosamente conhecida pelos integrantes do grupo Flor Ribeirinha e os mais íntimos, criou raízes que floresceram muito além do quintal.
Produtora cultural de Cuiabá, benzedeira, detentora de saberes ancestrais e guardiã das tradições do Cururu e Siriri, dona Domingas é referência da cultura mato-grossense.
Sua trajetória foi reconhecida com o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), uma das maiores honrarias concedidas pela instituição.
Incansável mulher de fibra, de voz doce e de muita presença, cheia de alegria e sorrisos por onde passa, ela é citada como símbolo de resistência, força comunitária e identidade cuiabana.
O DOCUMENTÁRIO
Do berço ribeirinho ao mundo, o documentário, com duração prevista de 30 minutos, mostrará a origem do Flor Ribeirinha em São Gonçalo Beira Rio; Passagens inéditas de bastidores, ensaios e oficinas; A evolução do grupo até se tornar Patrimônio Cultural Imaterial de Cuiabá; Os impactos sociais, econômicos e culturais da cadeia criativa gerada e a transição geracional entre os Silva, Domingas Eleonor, sua mãe Joana Maria, sua avó, uma indígena do povo Coxiponé, conhecida como Tola, a filha Edilaine e o neto Avinner.
A produção foi viabilizada por meio de emenda parlamentar do deputado estadual Alberto Machado (Beto Dois a Um) com patrocínio do Governo do Estado de Mato Grosso, via Secretaria de Estado, Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT), e realização da ADECELMT. Tem previsão de lançamento para 2026.
A proposta é que o documentário seja mais que um retrato artístico. Será um material educativo e cultural, com acesso gratuito e distribuição em plataformas digitais para alcançar milhares de pessoas. O objetivo é democratizar o conhecimento e fortalecer o orgulho das comunidades tradicionais.
Em cada depoimento gravado, a figura de Domingas aparece como a ponte entre o passado e o futuro do Flor Ribeirinha. Sua história, marcada por simplicidade, coragem e coletividade, fez de um grupo de quintal um dos maiores símbolos culturais de Mato Grosso.
O documentário sela os ensinamentos de dona Domingas, entre crianças, jovens, adultos e a melhor idade a nunca deixar sua raiz morrer. Portanto, em 2026, quando o filme for lançado, será sua própria memória que dançará para o mundo.
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