SITUAÇÃO ALARMANTE 27.09.2025 | 07h30
maria.klara@gazetadigital.com.br
João Vieira
O Dia Nacional da Doação de Órgãos, celebrado em 27 de setembro, reforça a importância de um gesto solidário capaz de salvar milhares de vidas. No entanto, a recusa familiar ainda é um obstáculo para ampliar o número de transplantes no país.
Em Mato Grosso, a situação é ainda mais preocupante: em 2024, 7 em cada 10 famílias abordadas disseram “não” à doação, segundo a Central Estadual de Transplantes (CET).
Atualmente, 78 mil brasileiros aguardam por um órgão. Os mais demandados são: rins (42.838), córnea (32.349) e fígado (2.387). Apesar do cenário desafiador, o Brasil alcançou um recorde em 2024, com mais de 30 mil transplantes realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), 18% a mais que em 2022. Ainda assim, 45% das famílias recusaram a doação no país.
Entre os órgãos mais transplantados no último ano estão a córnea (17.107), o rim (6.320), a medula óssea (3.743) e o fígado (2.454). Os números mostram avanços, mas deixam claro que a conscientização familiar é o maior desafio para reduzir a fila de espera.
A realidade por trás dos números se traduz em histórias como a de Gustavo Santos, 27, que descobriu insuficiência renal em 2022. Desde então, passa por sessões de hemodiálise semanais enquanto aguarda pelo órgão que pode mudar sua vida. Já foi chamado duas vezes para o transplante, mas problemas de saúde impediram o procedimento.
“Esperar é algo duro, você não sabe quando pode acontecer. Nenhum dos meus familiares é compatível comigo e, quando acharam alguém compatível, eu estava gripado e não pude fazer o transplante”, relata Gustavo.
Sem perder as esperanças, Gustavo vê na doação uma possibilidade uma nova vida. "A doação é o que pode me salvar, fazer hemodiálise é desgastante, vejo muitos outros pacientes e como esse tratamento os deixa debilitados, ainda estou bem, mas sei que isso pode se agravar, caso eu não consiga um novo rim."
A luta de pacientes como ele mostra o peso da espera, que pode durar meses ou anos, enquanto a saúde se deteriora.
Conscientização
No Congresso, o tema ganhou reforço nesta semana. O senador Jayme Campos (União) apresentou o PL 4.726/2025, que destina 5% das verbas de propaganda institucional do governo federal para campanhas de conscientização sobre doação de órgãos. Segundo o parlamentar, é urgente reduzir a disparidade entre o número de pacientes na fila e a quantidade de doações.
Jayme lembrou ainda que mais de 90% dos transplantes no Brasil são realizados pelo SUS, considerado referência mundial na área. O tema também toca sua própria família: seu irmão, o deputado Júlio Campos (União), recebeu um transplante de fígado em 2017, após conviver com a cirrose por 25 anos. O órgão veio de um jovem de 24 anos. Hoje, aos 78, ele fala sobre a importância da doação.
“O meu transplante foi uma dádiva, um milagre de Deus e dos médicos. Para mim é uma das grandes descobertas da medicina. O rapaz que foi o doador do fígado que recebi era um jovem moto taxista. Ele sozinho salvou a minha vida e de muitos outros. Em 2017 os médicos foram muito sinceros, era janeiro e se eu não fizesse o transplante não teria o carnaval. Eu já estava morto. Eu tive muita sorte porque na fila única do SUS que coordena os transplantes no Brasil, apareceu o doador compatível e no dia 13 de março, há 9 anos, recebi um novo fígado e hoje vivo como se fosse o meu próprio órgão”, relatou o parlamentar.
Ele destacou ainda o papel dos centros de transplante no país e a importância de fortalecer a estrutura em Mato Grosso.
“Eu sou muito agradecido a todos os centros de transplantes do Brasil, o de Fortaleza onde fiz a cirurgia, de Recife, de Joinville e todos os outros. Uma das minhas grandes felicidades é saber que em Cuiabá já estamos prontos para fazer transplante de rim e ajudar as pessoas que sofrem na hemodiálise a terem mais qualidade de vida", completou.
Como ser doador de órgãos no Brasil
No país, não existe registro oficial em documentos como RG ou CNH para manifestar a vontade de doar. A lei determina que a família é quem decide no momento da morte.
Para ser doador, é fundamental:
Conversar com a família e deixar claro o desejo de doar;
Orientar parentes próximos, pois só eles poderão autorizar a doação;
Em vida, também é possível ser doador de órgãos como rim, parte do fígado, da medula óssea ou até do pulmão, desde que haja compatibilidade e avaliação médica.
Cada pessoa que diz “sim” pode salvar até 8 vidas e ajudar muitas outras com a doação de tecidos, como córneas e ossos.
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