ALTO CUSTO DE VIDA EM MT 16.11.2025 | 15h00

fred.moraes@gazetadigital.com.br
Joédson Alves/ Agência Brasil
A isenção do Imposto de Renda para trabalhadores que recebem até R$ 5 mil, aprovada recentemente, deve chegar ao bolso de mais de um milhão de mato-grossenses já em janeiro. A proposta, que também reduz as alíquotas para quem ganha entre R$ 5.000,01 e R$ 7.350, aguarda sanção presidencial e integra o pacote de medidas voltadas à retomada econômica do país.
Um estudo revelado pelo Jornal A Gazeta mostrou que mais da metade dos contribuintes de Mato Grosso ficarão isentos de Imposto de Renda (IR) em 2026. Os 530,5 mil mato-grossenses que deixarão de pagar o tributo representam 58,27% das 914,6 mil declarações entregues no estado em 2025.
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A nível nacional, o governo federal calcula que 26,6 milhões de pessoas físicas serão beneficiadas pela mudança, também correspondendo a 58,27% dos 45,6 milhões entregues no ano passado, conforme estatísticas da Receita Federal.
O governo federal aposta no impulsionamento do consumo das famílias, redução do endividamento e aquecimento da economia com a desoneração, sobretudo em estados de forte atividade produtiva, como Mato Grosso. Mas especialistas alertam: o impacto será gradual.
O economista Fernando Henrique Dias explica que, embora a isenção deixe mais dinheiro disponível no bolso dos trabalhadores, o reflexo nas compras e nos serviços não será imediato, principalmente em Mato Grosso, que hoje figura entre os estados com o maior custo de vida do país.
“Esse impacto será muito mais gradual do que rápido. Mato Grosso é o terceiro estado com maior custo de vida. As famílias vão sentir ao longo do tempo, porque fatores internos e externos pesam muito mais na economia doméstica do que apenas a mudança no imposto de renda", explica.
Segundo o profissional, o alívio no rendimento mensal ajuda, mas ainda é insuficiente para compensar despesas elevadas com moradia, energia, alimentação e transporte.
A ampliação da faixa de isenção é vista pelo economista como um passo importante para tornar o sistema mais progressivo, mas ele pondera que a medida sozinha não corrige a desigualdade histórica do país.
“Quem ganha mais deve contribuir mais. Mas antes de ter justiça tributária, precisamos ter justiça na distribuição de renda. O Brasil tem renda muito concentrada e não há ganho real de salário. Com isso, qualquer tributo pesa demais sobre quem ganha pouco”, pontua.
De acordo com Fernando, a renúncia fiscal inicial tende a ser compensada ao longo do tempo pelo aumento do consumo.
“A ideia é que essas pessoas consumam mais. E quando elas consomem mais, os estados arrecadam mais ICMS. O impacto fiscal é relativo e os efeitos da reforma só vão aparecer de fato a médio prazo", argumenta o especialista.
Para o economista, ampliar a isenção do IR é um alívio importante, mas não resolve a raiz do problema: a baixa renda real e a falta de políticas públicas estruturantes.
“Estamos sempre colocando um band-aid na ferida. Qual é a ferida? A distribuição de renda. Para resolver isso, precisamos qualificar o povo, oferecer educação, saúde e garantir ganho real de salário. É uma construção de décadas, não de um ano.”
Com a nova tabela, cerca de 63% da população brasileira passa a ser beneficiada direta ou indiretamente pela reestruturação do IR. A expectativa do governo é que o aumento da renda disponível estimule o mercado interno e aqueça setores que dependem do consumo popular", finaliza.
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