educação financeira 07.11.2025 | 14h50
Joédson Alves/Agência Brasil
Atuando como educadora financeira há 15 anos, posso afirmar que o brasileiro se habituou a viver na corda bamba. O endividamento se tornou regra e quem vive de acordo com sua capacidade financeira, sem recorrer a empréstimos e financiamentos, se tornou exceção. E, não, isso não acontece apenas com pessoas de baixa renda.
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Segundo um levantamento do Datafolha, divulgado na última terça-feira (4), 43% dos brasileiros não possuem reservas financeiras para situações imprevistas. Guardar dinheiro simplesmente não faz parte da cultura dessa parcela da população e, mesmo entre os que poupam, acabam investindo mal, como veremos mais abaixo.
A pesquisa também indica que a ausência de poupança é mais prevalente entre a classe C, onde 78% dos entrevistados que não possuem reservas financeiras se encontram.
O estudo, que entrevistou 2.000 pessoas de diversas classes sociais e regiões, revelou que 84% dos participantes enfrentaram alguma dificuldade financeira nos últimos 12 meses, como contas atrasadas, empréstimos ou negativação do nome.
O baixo nível de conhecimento financeiro fica claro quando 52% dos entrevistados afirmam ter “boa noção” de suas despesas mensais, mas não sabem exatamente quanto gastam.
Outro dado que reitera o fato é que 39% dos entrevistados disseram conseguir pagar as despesas sem sobra de dinheiro, e 19% relataram que nem sempre conseguem quitar todas as contas, somando um expressivo percentual de brasileiros que vivem no limite.
Endividamento crônico
Viver entrando e saindo de dívidas se tornou praticamente um estilo de vida para a maioria dos brasileiros, independentemente da renda. O que muda são apenas os motivos do endividamento: enquanto as classes B e C se endividam para pagar as contas do dia a dia e para o consumo, a classe A recorre ao crédito para a aquisição de bens de maior valor e como estratégia para investir na ampliação da renda.
Ou seja, quem ganha menos usa o crédito para sobreviver ou apenas para consumir, o que aumenta as chances de cair na inadimplência. De acordo com um levantamento do Banco Central feito em maio de 2025, 9,86% do orçamento familiar é destinado ao pagamento de juros de dívidas. Esse percentual é o maior dos últimos 20 anos.
A conclusão é óbvia: o dinheiro que poderia ser poupado e investido todos os meses, é corroído por juros. Mas como boa parte dos brasileiros considera que reserva de emergência é luxo – e não a reconhece como proteção para o futuro – os números do endividamento só aumentam.
Poupando, mas investindo mal
Um levantamento do InfoMoney, feito em 2024, apontou que 68% dos investidores aplicam na caderneta de poupança, o que representa 25% da população.
Com a taxa Selic em 15% ao ano, a poupança tem rendimento de 0,5% ao mês, mais a Taxa Referencial (TR), que está próxima de zero, totalizando um rendimento anual aproximado de 6,17%. Ainda que a projeção da inflação oficial seja de 5,46% para 2025, os preços de despesas básicas, como energia elétrica e supermercado subiram bem mais do que isso. Logo, o que poderia parecer um ganho de 0,7% (o que já seria irrisório), acaba se traduzindo em perda real.
Outros investimentos de renda fixa, tão seguros quanto a poupança, oferecem um rendimento bem mais atrativo. O Tesouro Selic oferecem um rendimento bruto anual de cerca de 11,5% ao ano e a rentabilidade dos CDBs de bancos médios está em torno de 12,8% ao ano.
Para mudar a dinâmica de trocar o investimento pelo pagamento de juros e de poupar, mas investir mal, é preciso que o brasileiro busque conhecimento financeiro por conta própria, já que o ensino público não oferece e nem parece disposto a investir seriamente nisso.
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Milho Disponível
R$ 66,90
0,75%
Algodão
R$ 164,95
1,41%
Boi à vista
R$ 285,25
0,14%
Soja Disponível
R$ 153,20
1,06%
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