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Cuiabá, Quinta-feira 23/10/2025

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NAS REDES SOCIAIS 23.10.2025 | 12h45

Delegada rechaça boatos contra vítima de estupro; não foi alvo de 'salve' e manteve denúncia

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Yuri Ramires/GD

Yuri Ramires/GD

Delegada Jéssica Assis, da Delegacia da Mulher de Várzea Grande, rechaçou todas as versões de que a jovem de 21 anos, que denunciou o piloto de aplicativo Daferson Silva Nunes, 36, por estupro, teria mentido sobre o crime. Ela também negou que a jovem foi alvo de um “salve” ou que teve o cabelo raspado. Reforçou ainda que “a Polícia Civil trabalha com ciência e técnica e não por pressão do Instagram ou Facebook”.

 

“Expor uma vítima da maneira como ela foi exposta, como se ela tivesse mentido, sem nenhuma informação básica, sem dar o nosso tempo de trabalho para acolher essa mulher com segurança, com humanidade que ela precisa, é muito injusto”, disse a delegada.

 

Para ela, todo mundo – enquanto sociedade-, deve fazer mea culpa. Sobre os áudios que circularam nas redes sociais, a delegada afirma que ela manteve a denúncia. Também não há evidências de que ela não quis pagar a corrida. “Houve muita desinformação. Nós procuramos essa vítima e não há nenhuma situação nesse sentido”, disse.

 

A jovem está sob proteção da família e a polícia está assegurando que ela está em segurança. “Ela manteve a palavra dela [...], mas o que ela precisa é de paz, a Polícia Civil também precisa de espaço para poder trabalhar e concluir essa investigação”. 

 

Foi revelado ainda que, no dia em que a jovem denunciou Deferson por estupro, ela ainda solicitou uma medida protetiva de urgência. “Solicitamos com urgência, nesse caso, contra o piloto na tarde de terça-feira para ela ser resguarda, já que ele conhecia o trajeto da casa dela”.

 

A jovem contou que Daferson desviou a rota sem sua autorização e, sem seguida, já investiu para cima dela. Relatou que teve os cabelos puxados, mas que não foi agredida. "Cada vítima reage de uma forma, não existe protocolo". 

 

Delegada ressaltou que a jovem recebeu uma mensagem do piloto horas após o crime. “Ele mandou via o aplicativo de transporte falando que ela tinha esquecido uma chave com ele. Ela disse que não esqueceu chave nenhuma. A gente estava no processo de apuração para saber o que aconteceu nesse meio tempo para ele ter mandado a mensagem”.

 

Levada para exames

 

Logo após fazer a denúncia de estupro na Delegacia da Mulher, a jovem de 21 anos foi acolhida e levada para exames. "Ela fez corpo de delito e também foi levada para os cuidados profiláticos no hospital, para que ela tomasse os remédios para evitar qualquer infecção", disse Jéssica Assis.

 

Ressaltou ainda que a roupa que ela usou no dia do crime foi apreendida. "Todo essa material foi analisado pela perícia. Recebemos uma devolutiva, foi constatado sêmen, presença de sêmen, tanto na região vaginal dessa jovem, quanto na roupa", destacou. 

 

Segundo ele, a perícia trabalhou com um teste rápido. Agora, o exame de confronto genético vai apontar se o sêmen é do suspeito. O material dele também foi apreendido.  

 

Marcou encontro com facção

Delegado Michel Paes contou em entrevista que a equipe trabalho durante todo o dia após o corpo da vítima ser encontrado. Foi apontado que, assim que ele descobriu que estava sendo acusado de estupro e que a foto dele estava circulando nas redes sociais, ele tentou se defender.  

 

“Imagina o senhor numa situação dessa, a primeira coisa que ele foi fazer foi o quê? Ele quis se defender, é a primeira regra. Então ele fez um boletim de ocorrência e, em seguida, procurou o pessoal”, diz o delegado. O "pessoal" em questão seriam os autores das ameaças que circulavam em áudios.  

 

Com objetivo de “esclarecer os fatos”, Daferson marcou um encontro com os suspeitos – o local não foi informado para não atrapalhar a investigação. Porém, quando chegou, passou a ser torturado. Polícia acredita que foram 6 horas de tortura até ele ser assassinado e ter o corpo deixado na região do Sucuri.  

 

“Para quem sabe como a tortura funciona, enquanto você não fala o que o outro quer ouvir, você continua apanhando, sendo agredido. Então, foi isso o que aconteceu”, disse. Laudo da perícia, que está em andamento, vai apontar a violência que ele sofreu. Mas, sabe-se até o momento que ele foi baleado com 3 tiros na cabeça.  

 

Facção age como "justiceiros"  

Investigação descobriu que os faccionados estavam agindo como “justiceiros da sociedade”. “Sem nenhuma técnica, sem nenhuma legalidade e sem autorização do Estado, eles praticam fatos mais graves do que as próprias vítimas, que eles acham que estão julgado”, disse Paes.  

 

Para o delegado, situações como essa não devem ser normalizadas. “Nós somos uma sociedade, a gente vive dentro de um estado democrático da lei, não da barbárie. Essas pessoas se fingem de justiceiras. O caso causa muita comoção, a gente quer justiça, mas a justiça tem que ser feita de acordo com o nosso estado”, disse.  

 

Paes ressalta ainda que esses faccionados que agem em prol da “justiça” são piores que as vítimas. “Eles também estupram, eles matam, vendem drogas e fazem isso com mulheres que supostamente traíram, aplicam salve, torturas”.  

 

Por fim, destacou que é muito importante que a sociedade não aceite esse tipo de ação. “A gente espera que o estado faça a investigação adequada, independente de quem tenha praticado, do crime ocorrido”.  

 

O caso

O corpo de Daferson da Silva Nunes foi encontrado, na manhã desta quarta-feira (22), em uma estrada na região do Distrito do Sucuri, em Cuiabá. Ele estava com as mãos amarradas e tinha marcas de tiro.

 

O homem era piloto de moto por aplicativo e suspeito de ter estuprado uma passageira na noite de segunda-feira (20), na Estrada da Guarita. Fotos do homem foram espalhadas pelas redes sociais juntamente com áudios relatando o suposto crime.

 

Menos de 24 horas antes do assassinato, o piloto registrou um boletim de ocorrência alegando ser vítima de calúnia e difamação. Na denúncia, ele afirmou, ainda, que realizou a corrida com uma passageira com o nome da jovem e que ela o havia tocado na região da cintura.

 

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