O som gótico do Evanescence

Um quê de visual gótico aqui, umas letras depressivas acolá e um som que lembra o famigerado nu metal - com a diferença de ter uma mulher no vocal. Essa é a fórmula do sucesso da banda americana Evanescence. Com dois discos de estúdio lançados, o grupo liderado por Amy Lee se apresenta pela primeira vez no Brasil em abril deste ano.

Os quatro shows (Porto Alegre, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro) fazem parte da turnê do segundo álbum, The Open Door. Ele tem a difícil tarefa de suceder o primogênito Fallen, que vendeu cerca de 14 milhões de cópias pelo mundo (seis vezes disco de platina e vencedor de dois prêmios Grammy).

O público brasileiro poderá ver de perto a beleza da vocalista Amy Lee e ouvir ao vivo as letras da moça, que retratam seus conflitos internos. O instrumental já é conhecido, até manjado para o estilo. Segundo Ben Moody, ex-guitarrista, o Evanescence é "uma banda nu metal com uma "pegada" gótica". Entenda-se: características de heavy metal, elementos de música eletrônica e letras que, para alguns, são consideradas góticas.

Há quem critique, porém, justamente a aparência e o estilo da banda, alegando que tudo não passa de imagem, e que eles estão longe de serem góticos. Controvérsias a parte, os shows agradarão fãs e poderão servir como prova real aos mais céticos.

O disco - Reza a lenda que todo segundo disco é o mais complicado, a prova de fogo. Com The Open Door não foi diferente. Para começar, ele chegou às lojas (setembro de 2006) quase um mês após ter "vazado" na internet.

Antes desse imprevisto, em 2003 Amy Lee perdeu seu parceiro musical de longa data, o guitarrista Ben Moody. Ele foi substituído por Terry Balsamo, que sofreu um derrame em novembro do ano passado. E na sina da moça ainda constam o fim de um relacionamento (que inspirou "Call me when you"re sober", um dos novos sucessos), uma ação na Justiça por quebra de contrato e mais um desfalque: o baixista deixou o barco por não querer enfrentar mais uma longa turnê.

Como "bom góticos" que são, tais fatos só inspiraram a banda. A fórmula de The Open Door é a mesma do primeiro disco. As 13 faixas oscilam entre momentos heavy metal, as habituais baladas e músicas com temática depressiva. Sempre com destaque para a voz de Amy Lee.

Um exemplo é a música "Lithium": "Lítio, eu quero permanecer apaixonada pela minha tristeza/ Ah, mas, Deus, eu quero deixá-la ir embora", canta Lee. Fãs do Nirvana sabem que lítio é a substância presente em remédios para tratar enfermidades maníaco-depressivas.

Histórico - A banda foi formada no final dos anos 90 por Amy Lee e o guitarrista Ben Moody. Uma das primeiras músicas gravadas pela dupla chama-se "Understanding", que eles mesmo definiram como "um gótico ridículo de sete minutos". Porém, foi graças a essa "gótico ridículo" que eles começaram a ganhar fama. E isso sem se apresentarem ao vivo, já que não possuíam condições para pagar outros músicos.

Entre 97 e 98 o Evanescence lançou demos e EPs e já contava com músicos fixos para fazerem apresentações ao vivo. Com um pouco de sorte, dois anos mais tarde eles conseguiram assinar contrato e lançaram Fallen. Depois disso todo mundo já conhece.

Uma curiosidade é que o Evanescence tinha sua imagem vinculada à música cristã, tanto que Fallen era vendido em lojas especializadas neste segmento. Os integrantes negaram em entrevistas o tal vínculo e isso fez com que a gravadora Wind-Up divulgasse uma nota aconselhando as lojas cristãs a recolherem os álbuns e as rádios a não executarem as músicas da banda em programas voltados para o público cristão.

Outros shows confirmados - Não é só o Evanescence que se apresenta em palcos nacionais este ano. Os fãs dos artistas internacionais que preparem os bolsos pois já constam na lista shows dos emo Simple Plan, Roger Waters (ex-Pink Floyd), Aerosmith, Rush e Radiohead. E mais: Keane, Coldplay, Seal, Pet Shop Boys e Bryan Adams.

Na seara do rock barulhento virão os californianos do Deftones (nu metal), os escoceses do Nazareth, Placebo (rock alternativo), os suecos Arch Enemy, que nunca se apresentaram no Brasil, e os alemães do Blind Guardian, que aportam por aqui em março.