25.11.2025 | 10h05
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É hora de falar com clareza sobre algo que, muitas vezes, passa despercebido: a responsabilidade social do biomédico. Apesar de ser uma das profissões mais completas das ciências da saúde, integrando conhecimento biológico, tecnológico e humano em prol da vida, o reconhecimento desse papel ainda é insuficiente. A Biomedicina precisa ser vista pela sociedade e pelos gestores públicos como o que realmente é, uma profissão essencial para a saúde coletiva, para o avanço científico e para a qualidade dos diagnósticos que sustentam a medicina moderna.
Em Mato Grosso, o marco dessa trajetória começou com o antigo Centro Universitário Cândido Rondon (UNIRONDON), que implantou o curso de Biomedicina em 2007, sendo o pioneiro no estado. Desde então, outras instituições, como UFMT, UNIC, UNIFACC, UNIASSELVI, UNIVAG e FASIPE, entre outras, ampliaram o acesso à formação biomédica e vêm consolidando um legado de excelência. Essa expansão mostra o amadurecimento de uma profissão que, mesmo jovem, já é indispensável ao sistema de saúde brasileiro.
No entanto, poucos compreendem a verdadeira dimensão do trabalho biomédico, cuja profissão é celebrada neste dia 20 de novembro. Um laudo sem a supervisão desse profissional não é apenas uma questão técnica, mas também uma questão de segurança e qualidade. A ausência de um olhar biomédico significa falta de validação científica e risco direto à saúde de quem depende daquele resultado. Cada exame, cada amostra e cada resultado exigem sensibilidade, ética e um profundo senso de responsabilidade, pois por trás de cada tubo ou código de barras, há uma vida esperando respostas.
Uma simples gota de sangue, uma amostra de saliva ou de urina carregam informações únicas sobre o corpo humano. Para o biomédico, não são números em um sistema, mas expressões da biologia da vida. O profissional entende que cada resultado pode alterar o curso de um tratamento, aliviar angústias ou confirmar diagnósticos que mudarão o futuro de alguém. Ser biomédico é compreender que a ciência só tem sentido quando aplicada com responsabilidade, empatia e compromisso com o bem-estar coletivo.
Durante a graduação, o biomédico é preparado para atuar de forma ampla e integrada nas ciências da saúde. A formação abrange desde as análises clínicas até áreas de alta complexidade tecnológica, como hematologia, microbiologia, parasitologia, genética, biologia molecular, imunologia, toxicologia, radiologia, imagenologia, estética, reprodução humana assistida, biotecnologia e pesquisa científica, entre muitas outras. Essa pluralidade revela o quanto a Biomedicina é essencial não só para o diagnóstico e a prevenção de doenças, mas também para o desenvolvimento de soluções inovadoras que salvam vidas.
A responsabilidade social do biomédico está diretamente ligada à valorização profissional e à percepção de seu papel estratégico na estrutura do sistema de saúde. A formação técnica e científica precisa caminhar lado a lado com a consciência ética e social, fortalecendo a identidade do biomédico como agente de transformação e protagonista na promoção da saúde coletiva. A atuação biomédica nas análises clínicas, na pesquisa e na saúde pública é indispensável para garantir diagnósticos confiáveis, vigilância epidemiológica eficiente e políticas de prevenção mais eficazes.
E é justamente aqui que reside um grande desafio: o reconhecimento. Ainda hoje, muitos biomédicos enfrentam desvalorização, ausência de piso salarial e restrições de oportunidades no setor público e privado. É preciso que gestores e instituições compreendam que a valorização do biomédico não é um favor, mas uma necessidade coletiva. Reconhecer o biomédico significa fortalecer o sistema de saúde, as políticas de prevenção, os programas de vigilância epidemiológica e o avanço da ciência.
Falo também com o coração de quem viveu essa história de dentro, sentindo o peso e a beleza de cada etapa. Sou egressa da última turma do UNIRONDON e carrego comigo o orgulho de ter feito parte dessa trajetória que moldou não apenas uma profissão, mas uma forma de enxergar o mundo. Tive o privilégio de ser orientada por professores que acreditaram no poder da curiosidade científica e me incentivaram a mergulhar na pesquisa e na docência. Foram eles que despertaram em mim a convicção de que ensinar é também continuar aprendendo, e que cada aula é uma oportunidade de multiplicar o conhecimento que um dia me foi confiado.
Minha vivência em laboratório foi e continua sendo um dos alicerces da minha trajetória. É ali, entre amostras, reagentes e resultados, que compreendo diariamente a grandeza da Biomedicina. Cada experiência prática me ensinou o valor da precisão e da exatidão, da paciência e do compromisso com a verdade científica. Foi no laboratório que aprendi a ver o invisível, a reconhecer a vida em seus detalhes mais sutis e a transformar dados em histórias que hoje compartilho com meus alunos.
Onze anos após a graduação, sendo dez dedicados à docência e oito à atuação laboratorial, sigo com o mesmo entusiasmo por ensinar, pesquisar e aprender. Ser biomédica é compreender que a ciência se renova em cada descoberta e que o ensino ganha sentido quando é alimentado pela prática e pela paixão pelo que se faz. Ser eterna pesquisadora é, para mim, uma forma de honrar a profissão, agradecer aos mestres e reconhecer que a Biomedicina não apenas transformou minha vida, mas me concedeu o privilégio de ajudar a transformar outras.
Por isso, defendo com convicção que fortalecer a consciência sobre a responsabilidade social do biomédico é um dever de todos: instituições, conselhos, profissionais e sociedade. Cada resultado emitido em um laboratório representa mais do que um dado técnico, é um compromisso com a vida, a ética e a dignidade humana. A Biomedicina é muito mais que uma profissão, é um chamado à excelência técnica-científica, à sensibilidade e à responsabilidade que todo profissional da saúde deve carregar.
Indiana Campos Borralho é biomédica, mestre em Ciências Aplicadas à Atenção Hospitalar (UFMT/HUJM), especialista em Gestão de Serviços Laboratoriais e Auditoria em Saúde. Egressa de Biomedicina do UNIRONDON, atua há mais de uma década na docência técnica e superior, com experiência em análises clínicas, qualidade laboratorial, imuno-hematologia e hemoterapia. É pesquisadora e defensora da valorização da Biomedicina e da formação ética e científica de novos profissionais.
Indiana Campos Borralho é biomédica, mestre em Ciências Aplicadas à Atenção Hospitalar (UFMT/HUJM)
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