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14.08.2017 | 00h00

Brasileiros de olhos azuis

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Recente relatório sobre a importação de sêmen revelou que o brasileiro prefere ter filhos de olhos azuis. Das 1.011 amostras importadas entre 2014 e 2016, essa foi a cor predominante (52%), seguida do castanho (24%) e verde (13%). O relatório revela ainda que 95% das amostras de sêmen provenientes de três bancos norte-americanos e obtidas de 362 doadores diferentes têm origem caucasiana. Apenas duas amostras são originárias de negros.

Os pedidos são feitos, em sua maioria, por casais heterossexuais onde o homem tem problemas de infertilidade, o que segue o padrão mantido há alguns anos. Há, no entanto, algumas surpresas como o crescimento de importação do material por casais homoafetivos, principalmente os formados por mulheres, seguido por mulheres solteiras em busca da produção independente. Há ainda o aumento significativo de solicitações em geral, mais de 2.500% de 2011 a 2016. De acordo com o levantamento, o estado de São Paulo importou a maioria das amostras solicitadas à Anvisa (65%), seguido pelo Rio de Janeiro com 12%.

Segundo os bancos de sêmen norte-americanos, os pacientes costumam escolher o doador de acordo com suas características físicas e as de parentes em um processo natural de afinidades. Mas em um país multirracial como o Brasil, é curioso o fato de que tanta gente queira ter filhos de olhos azuis. E cabelos castanhos, visto que essa característica supera a de cabelos loiros neste universo de solicitações.

Enquanto no Brasil as informações sobre os doadores são limitadas, os bancos de sêmen norte-americanos são como "vitrines" de pessoas. Por meio dos endereços eletrônicos é possível obter informações como ascendência, formação, profissão, tipo sanguíneo, faixa etária, estilo de vida (incluindo signo, religião e hobbies), perfil psicológico e informações da família, bem como fotos de infância e atuais dos doadores. É, praticamente, a escolha do pai "perfeito". Graças aos avanços na medicina reprodutiva, ter um filho está, praticamente, ao alcance de um clique. Desde que se esteja disposto a pagar por isso.

Na outra ponta deste universo de formação de uma família estão as crianças à espera de adoção. Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), divulgados em fevereiro deste ano apontam para a adoção de 1.226 crianças e adolescentes em todo o país, em 2016, por meio do Cadastro Nacional de Adoção (CNA), coordenado pela Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). No início do ano, de acordo com o CNA, havia 7.158 crianças aptas à adoção e 38 mil interessadas em adotar.

Neste caso também há o perfil idealizado, mas em uma vertente mais cruel. O número de interessados em adotar supera cinco vezes o número de crianças e adolescentes disponível, mas a conta não fecha e o principal motivo está no perfil exigido pelos pretendentes, incompatível com o disponível nas instituições de acolhimento. A minoria das crianças está no perfil idealizado que é a cor de pele branca, menor de quatro anos e saudável. Além disso, a maioria dos pretendentes não aceita crianças com problemas de saúde não tratáveis. Uma triste realidade quando o que se constata que o que une os que recorrem aos bancos de sêmen às crianças disponíveis para adoção é um sentimento único, o desejo de ter uma família.

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