13.09.2025 | 09h29
Reprodução
A Operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto de 2025, foi destacada como a maior ofensiva já realizada contra o crime organizado no Brasil em termos de cooperação institucional e alcance. O esquema, orquestrado por uma facção criminosa, movimentou bilhões ao longo da cadeia de combustíveis, seja da importação à venda ao consumidor, e utilizou fintechs e fundos de investimento como instrumentos para lavagem de dinheiro.
Longe de se limitar ao tráfico, o grupo atuou como um verdadeiro conglomerado empresarial, infiltrando-se em setores formais e estruturados da economia. Pela via da “inovação financeira” desprovida de governança, capturou espaços antes inacessíveis ao crime tradicional, como fintechs e fundos localizados até mesmo na Avenida Faria Lima, símbolo da elite financeira brasileira.
Essa dinâmica reforça o diagnóstico de que o crime organizado brasileiro não atua mais apenas nas margens, mas busca legitimidade e poder econômico. Uma transfiguração que desafia o modelo meramente repressivo de combate.
O perfil sofisticado dessa operação mostra que não basta mais seguir apenas o fluxo do dinheiro. O crime moderno utiliza cadeias produtivas e comerciais legítimas como forma de captar e ocultar recursos, especialmente no setor de combustíveis, onde o lucro estimado com fraudes e desvios alcança cifras bilionárias anuais.
Em Mato Grosso, a Operação Barril Vazio (deflagrada pela Delegacia Fazendária, Secretaria de Fazenda e Ministério Público), na qual foi indiciado um dos líderes do esquema criminoso revelado na operação bandeirante, também identificou um problema grave no setor de formulação de combustíveis.
Assim como na Carbono Oculto, aqui também foi demonstrado um elo entre o setor de combustíveis e o crime organizado, evidenciando este avanço de grupos criminosos em segmentos estratégicos da economia para se capitalizar, gerando concorrência desleal e drenando recursos que deveriam retornar ao Estado na forma de arrecadação tributária.
É evidente que as facções criminosas exploram justamente as brechas de governança, seja na esfera financeira, seja na cadeia produtiva de setores estratégicos.
Seja na Faria Lima ou no Pantanal, o recado é o mesmo: o crime se modernizou e exige que o Estado também se modernize, com maior rigor na regulação de fintechs e do setor de combustíveis, priorizando transparência e rastreabilidade.
Necessitamos ainda estabelecer protocolos integrados entre Receita, Banco Central, CVM, COAF, ANP e órgãos de segurança pública, reforçando investigações patrimoniais e fiscais, que atingem o núcleo financeiro das facções.
As Operações Carbono Oculto e Barril Vazio têm pontos comuns, sendo que aqui a ação foi mais preventiva, no sentido de que foi possível salvaguardar o segmento de combustíveis de um contágio mais agudo como aquele padecido em São Paulo, e nisto nossos órgãos de estado merecem parabéns.
Walter de Melo Fonseca Júnior, Delegado de Polícia titular da DEFAZ
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