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Cuiabá, Segunda-feira 03/11/2025

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03.11.2025 | 12h01

Deixas a gaveta fechada

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Roberta D'Albuquerque

Divulgação

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Hoje é aniversário de Sô. As crianças me disseram que não sei fazer mensagem de aniversário porque sempre que escrevo sobre o aniversariante, falo mais de mim do que do aniversariante. Achei feio ser assim, não sou assim. Fiquei meio tristinha e escrevi um poema de aniversário pra hoje. O poema: “Quando bem menina, meu pai me chamava de nanã. Chegue, nanã. Eu amava. Em quase tudo somos diferentes. Embora parecidíssimos - olhos de crônica, num dia marrons e no outro verdes, temos a urgência do palpável da vida. Sô, que faz 17 hoje, nasceu de música nos ouvidos, azuis constantes, pontos e guias. Eu amo. Sô é de nanã. Às vezes eu penso que sem saber, meu pai já sabia.

 

Mostrei em casa. “Tá vendo como eu consigo!”. Morreram de rir. “Fizesse de novo!”. Fui reler e vi. Eita, fiz de novo. Como é isso, né? De pensar o outro a partir da gente. Vê, pra psicanálise faz o sentido do mundo todo. A gente se faz em relação a. Mas para a maternidade eu queria pensar diferente. Queria pensar que vejo as crianças a partir de quem elas são. Das particularidades de cada uma. Um olhar honesto, sabe? Mas a dificuldade é grande. Sigo me referindo a Lola e Sô como as crianças (19 e 17, que tal?).

 

Bem, peço desculpas. Por antes de ontem, pelo poema e por hoje. Porque veja bem, só agora, neste terceiro parágrafo, percebo que fiz de novo. Que vergonha.

 

Encomendei flores e, para o bilhete, substitui meu poema por outro do Luiz Filipe Parrado, chama-se Com unhas e dentes e diz assim: Estar vivo é abrir uma gaveta na cozinha, tirar uma faca de cabo preto, descascar uma laranja. Viver é outra coisa: deixas a gaveta fechada e arrancas tudo com unhas e dentes, o sabor amargo da casca, de tão doce, não o esqueces.

 

Pois que é o que eu desejo pra Sô, (e pra você que me lê agora - viram? Nem desejei pra mim!) hoje é todo dia. Que brigue por seus espaços, que aponte quando alguém - mesmo que seja alguém que deveria, deveria mesmo, preservá-lo, o invade. E que viva do seu jeitinho, do jeito que quiser, desde que com unhas e dentes. Boa semana, queridos.

 

Roberta D'Albuquerque é psicanalista, atende em seu consultório em São Paulo e escreve semanalmente no Gazeta Digital e em outros 17 jornais e revistas do Brasil, EUA e Canadá. E-mail: contato@robertadalbuquerque.com.br

 

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