25.04.2004 | 03h00
A descoberta de um arsenal de guerra oito minas terrestres, 161 granadas e mais de 30 mil munições para armas diversas, entre as quais fuzis e pistolas escondido dentro de uma caixa d"água na Favela da Coréia, em Senador Câmara, zona Oeste do Rio, pode ter retardado o ingresso de mais uma facção criminosa do Rio na disputa pelos pontos de drogas da Favela da Rocinha, estrategicamente localizada junto a bairros com "consumidores" de alto poder aquisitivo.
Pelas informações levantadas por órgãos de inteligência da Secretaria de Segurança Pública, o dono deste arsenal, o traficante Robson André da Silva, conhecido como Robinho Pinga fundador do Terceiro Comando Puro (TCP), uma dissidência do Terceiro Comando (TC) -, estava dialogando com os comparsas do traficante Luciano Barbosa da Silva, o Lulu. Até ser morto na semana passada, Lulu administrava - como representante do Comando Vermelho (CV), grupo rival do TC - os pontos de venda de droga na maior favela do Rio.
O apoio de Robinho Pinga, hoje a principal liderança em liberdade do TCP, pode vir a ser a tábua de salvação do que restou na Rocinha do grupo de Lulu, que, contrariando as determinações dos líderes do CV na maioria, presos, reluta em devolver o comando do tráfico na favela ao traficante Eduíno Eustáquio Araújo Filho, o Dudu, recém-fugido da cadeia e hoje o homem mais procurado pela polícia carioca. Para combater os antigos aliados, o grupo de Lulu, atualmente chefiado pelo traficante Adriano da Costa Brito, conhecido como Zarur, pode ser obrigado a se aliar aos antigos adversários.
"Recebi informes de que os dois grupos estavam conversando", confirma o delegado Rodolfo Waldeck, diretor da Polinter, delegacia responsável pela investigação que levou à descoberta do arsenal de guerra.
A aliança seria um bom negócio para as duas partes. O grupo de Lulu sairia do isolamento e manteria o controle da favela. Já para Robinho Pinga, a Rocinha pode significar a expansão dos seus negócios, o que ele mais tem procurado desde que rompeu com o seu compadre e ex-sócio, Paulo César Silva dos Santos, o Linho, o maior líder do TC.
Dono do tráfico em pequenas favelas da Zona Oeste além da Coréia, ele domina os morros do Taquaral, Rebu, Viegas e Batam Robinho Pinga está muito mais voltado para o comércio atacadista do que para o varejo das drogas. Nos últimos cinco anos, firmou-se no submundo do crime carioca como um grande matuto, isto é, conseguiu fornecedores e rotas próprias para
Mas Robinho Pinga tem um trunfo para oferecer, como ficou demonstrado na apreensão feita terça-feira passada, na favela da Coréia. Assim como é um grande fornecedor de drogas, também se destacou no contrabando de armamento, o que lhe permitiria disputar pontos do tráfico, em melhores condições, tanto com os rivais do TC como do CV.
Prestes a comemorar 30 anos, agora em maio, Robson André destaca-se dos demais traficantes cariocas pela inteligência acima da média e alguns anos a mais de estudo. Ele chegou a cursar o ensino médio e a maioria dos seus pares nunca passou dos primeiros anos do ensino fundamental. Além disso, conforme informações levantadas pela própria polícia, é um exímio negociador, o que lhe dá o título informal de diplomata do tráfico.
Nascido na badalada cidade de Cabo Frio, na região dos Lagos, de uma família de cinco filhos, Robinho já usou a identidade de Luiz Carlos Cabral e também o apelido de Robinho Esperança. Embora tenha sido criado na Favela da Coréia, ingressou no tráfico, no final dos anos 90, pelas mãos do traficante Jorge Roberto da Silva Filho, o Robertinho de Lucas, dono da favela de Parada de Lucas, na zona norte carioca. Conquistando a confiança do
Somente depois é que foi conquistar áreas próprias. Embora não fosse adepto da violência, precisou usar a força das armas para dominar o comércio de drogas na região onde foi criado, passando a ser detestado pelos moradores do local que continua debaixo do seu poder. E, assim, expandiu os negócios para favelas pequenas.
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