Concursada troca cargo em MT por vida nova na Espanha

Ana Regina, 54, é uma mulher que tem dois nomes, um brasileiro e um espanhol, mas nem sempre foi assim. Ana Regina Ferreira dos Santos ou Ana Regina dos Santos Ferreira cresceu em Mato Grosso, mas vive há quase 20 anos na Espanha. Ela saiu Brasil com o intuito de passar 3 meses conhecendo a Europa, porém, o tempo e o entusiasmo de um lugar novo, levaram embora sua vontade de retornar para a América. Nesta semana, ela recordou junto ao como seus caminhos a fizeram abandonar um concurso público na Saúde de Cuiabá para assumir um cargo de liderança de uma empresa recém-criada ao Sul da Espanha.

Entre 2006 e 2007 em Cuiabá, no auge dos seus 36 anos, Ana Regina trabalhava em 3 empregos como técnica de enfermagem e cuidadora "home care". Um de seus cargos era fruto de um concurso público na área da saúde. Com a rotina exaustiva entre estudos e pacientes, ela decidiu que utilizaria seu diploma em administração para atuar nesta parte em hospitais, porém antes disso ela precisava de algo que não tinha há muito tempo: férias.

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Com a Espanha como destino, ela saiu de Mato Grosso em março de 2007 com o intuito de passar 3 meses passeando. O que ela não esperava é que o local seria seu novo lar. Após encontrar alguém que lhe ofereceu emprego em uma empresa recém-criada, de fabricação de bandeiras, ela prolongou sua estadia e decidiu não retornar mais para o Brasil.

“Para mim tudo era novidade. Tudo era novo e o mercado aqui na Espanha era novo também, esse mercado de fábrica. A gente aqui conhecia o produto, mas comprava da Suécia. Meu chefe trabalhava nisso antes, mas ele era só comerciante e quando decidiu montar a fábrica aqui, precisava de alguém que soubesse sobre administração e falasse português”, explicou ela.

Ana foi a candidata perfeita para trabalhar na fábrica. Seu chefe era dono de duas empresas, uma em Portugal e outra na Espanha, e ela passou a trabalhar nas duas, viajando entre países. Os empreendimentos deram certo e ela permanece no mesmo lugar, trabalhando com controle de qualidade e auditoria em cargos de liderança até hoje.

Todo esse desenvolvimento, entretanto, requereu muito de Ana. Desde o aperfeiçoamento com a língua espanhola formal até a permanência nos estudos para entender exatamente como as regras e leis da Espanha e Portugal se diferenciavam daquelas aprendidas na faculdade de administração, no Brasil. Quando os dois anos de afastamento de seu concurso no Brasil venceram, a indecisão chegou, mas ela optou por permanecer onde estava. 

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“Quando os 2 anos foram se aproximando, foi me dando uma agonia assim, que eu tinha que tomar uma decisão. Ou voltar ou ficar, e eu tinha medo de dispensar o concurso, porque já seria o terceiro que eu abandonaria”, relatou.

Hoje, prestes a completar 18 anos de moradia na Europa, ela tem sua casa em O Rosal, um município na província de Pontevedra, comunidade autônoma da Galiza. Todo esse tempo serviu de adaptação, mas no início, o frio e a alimentação, principalmente com pães e batatas, foi algo que causou estranhamento em Ana.

Ela ainda atua nas duas empresas, que evoluíram. Uma delas produz mastros e bandeiras enquanto a outra trabalha com faróis de iluminação. O que começou com 3 funcionários hoje já é uma empresa consolidada, com mais de 30 colaboradores.

Além de não ter mais o desejo de voltar para a área hospitalar, a saudade do Brasil também foi driblada, exceto quando se trata da família que permanece aqui. Durante os 6 primeiros anos, ela observava e sentia saudades de cuidar e atuar novamente como técnica de enfermagem, mas nunca retornou.

“Não, não tenho vontade de voltar ao Brasil. Passear, sim, para ver minha família e estar aí um tempo. Eu vou mais ou menos a cada dois anos, ou a cada um ano e meio, fico um mês e volto. Quando vou, não saio muito de Mato Grosso, na verdade, nem saio muito de Curvelândia (311 km a Oeste), porque meus pais moram lá”, finalizou ela.