Molejo e sincronia 24.09.2022 | 18h00
luizleite@gazetadigital.com.br
Arquivo Pessoal
Um ônibus adaptado com laterais abertas, tomado por luzes chamativas e som alto e empolgante percorre os bairros da cidade enquanto seus passageiros, a maior parte crianças, observam personagens da cultura pop dançando pelas ruas. Assim funcionam as empresas de entretenimento que levam o nome de “trenzinho da alegria”.
Em Cuiabá, Maria Carolina da Silva, que trabalha com redes sociais, acompanha assiduamente o dia a dia de diversas carretas e trenzinhos. Ela se prepara antecipadamente para a passagem das equipes, não só pela Capital.
A paixão pelas luzes e cores começou após ela, assim como grande parte dos brasileiros, ter conhecimento sobre a “carreta furacão”. “Eu assisti na TV e aí passava as carretas e os meninos dançando e aí eu comecei a pesquisar descobri que tinha a carreta furacão”, narra Maria Carolina ao .
A carreta em questão ganhou a internet por volta de 2010, após a circulação de um vídeo onde personagens são vistos sambando em uma calçada ao som de “Vem Dançar o Mestiço”.
Então, em 2019, Maria Carolina acessava as redes sociais, quando um vídeo específico chamou sua atenção. Nas imagens o personagem de Chapolin Colorado dançava sobre o teto de uma carreta. “Fui pesquisar e era a carreta furacão. A carreta furacão estava em Rondonópolis. Coloquei meu patrão doido”, narra Maria, ao relembrar a insistência para o chefe tomar alguma providência.
“Mostrei o vídeo pra ele e falei você tem que trazer essa carreta pra Cuiabá”. Assim, ela teve seu pedido atendido.
Após entrar em contato com o empresário da carreta e conseguir a parceria em nome da loja em que trabalha, ela então vivencia sua primeira experiência em um trenzinho da alegria, tendo a carreta furacão e Cuiabá como palco do sonho realizado. “A carreta ficou por aqui 3 meses e eu ia pelo menos umas 4 vezes por semana”, lembra Maria Carolina.
Tomada por um misto de empolgação e nostalgia “Carol” afirma: “aquela carreta vermelha, aquela buzina, o meu coração tremia e, eu vou te falar, hoje se eu entro no nas redes sociais da furacão e eu escuto o som da busina, meu coração treme”, conta emocionada ao justificar que “a alegria é passageira”, em suas palavras. “A alegria dura segundos e toda vez que eu estou num trenzinho eu sinto muita alegria”.
Desde que adentrou no mundo dos trenzinhos, Maria já embarcou em 9 "veículos" diferentes e visitou 5 cidades mato-grossenses em busca de seu entretenimento favorito. Cáceres (225 km a Oeste), Barra do Bugres (168 km a Médio Norte), Nova Mutum (264 km ao Norte) fazem parte do roteiro já explorado por Maria Carolina, que afirma: "tem carreta com até 6 horas de viagem e eu vou atrás”.
Ela utiliza as redes sociais como forma de divulgar as empresas de entretenimento que visita, sempre escrevendo o nome de cada carreta em algum canto de de seus vídeos, para facilitar a identificação. “Você tem que falar da sua carreta porque pra todo mundo que chega aqui é furacão. Pode ser ônibus, pode ser bicicleta. Tem um fofão pra nós é furacão”, pontua Carol sobre a confusão gerada pela grande influência da primeira carreta a ganhar a atenção do Brasil.
Em 2019, quando começou a viajar atrás de trenzinhos, o dinheiro era tirado do próprio bolso, relata. “Em Cáceres, por exemplo, eu ia no ônibus das 11h, 15h estava lá. Se tivesse um ônibus uma hora da madrugada eu já pegava e vinha embora porque eu tenho que trabalhar”, relembra ela, que chegou a gastar R$ 400 em uma viagem para Nova Mutum (264 km ao Norte).
Atualmente ela conta com a parceria de algumas empresas, que custeiam sua viagem com passagem, alimentação e estadia, dependendo da distância. Em troca, Maria Carolina fica responsável pela gravação, edição e publicação de vídeos dos trenzinhos e carretas.
Quando questionada sobre o que seria um trenzinho de alegria de sucesso, Carol é categórica: "carreta boa é aquela em que os meninos dançam sincronizados os passinhos”. Ela critica as empresas em que os dançarinos performam “de qualquer jeito” e não prezam pelo traje do personagem. “Por exemplo, tem menino com cabeça do ben 10 e cabeça do fofão. Tem quem coloque piercing no nariz do fofão. Eu acho que precisa manter a essência do personagem”, afirma.
Maria planeja continuar com as visitas aos trenzinhos de alegria que passam por Mato Grosso, almejando ainda viajar para outros estados em busca de sua alegria. Emocionada ela finaliza, “Tem vez que eu vou editar os vídeos e acabo chorando. Eu sei que parece assim meio bobo, mas eu choro de emoção porque eu não tenho condições financeira, então é quase um pouquinho do Cirque du Soleil aqui num caminhão”.
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