HISTÓRICO 18.09.2023 | 18h40
khayo@gazetadigital.com.br
Chico Ferreira
Em atividade desde 1921, a Academia Mato-grossense de Letras (AML) foi palco de dois marcos históricos na manhã de sábado (16) com a escolha da poeta Luciene Carvalho para chefiar a instituição pelos próximos dois anos. Com a seleção, é a primeira vez no Brasil que uma academia de letras será presidida por uma mulher preta ao mesmo tempo em que a sucessão da cadeira principal será feminina.
Com o evento de posse agendado para o próximo dia 30, a escritora contou à reportagem sobre o processo de seleção e adiantou detalhes a respeito de sua gestão. Autora de diversas obras, a exemplo de "Dona", "Porto", "Cururu e Siriri do Rio Abaixo" e "Conta-gotas", Luciene Carvalho afirmou que fez da poesia sua tribuna e sonha em garantir maior espaço para meninas negras dentro da literatura.
"Acho que estamos diante de um fato novo, porque é uma escolha extremamente progressista da Academia Mato-grossense de Letras. Foi um processo democrático. Um grupo se ergueu e me indicou para participar e consultou com relação à possibilidade de eu assumir a presidência do grupo", disse a poeta, que ocupa a cadeira de número 31 da AML e será a sucessora da escritora Sueli Batista dos Santos no comando da Casa.
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"Eu não tenho a menor ilusão de acreditar que é uma questão de mérito [a escolha para presidência]. Acredito que a literatura comprometida perpassa a mídia, a educação, perpassa a comunicação. Eu escolhi em algum momento da minha vida de extrema exclusão a poesia como minha tribuna. Não tenho condições de fazer muitas coisas, não sou ninguém, mas talvez eu possa inspirar meninas pretas a se apropriarem da narrativa de suas próprias histórias e encontrarem na literatura janelas e portas", acrescentou.
Ainda reflexiva com a escolha, a poeta garante que a vocação estadual da Academia será potencializada pela continuação e ampliação de diversas ações pelo estado de Mato Grosso. Neste sentido, Luciene junto à equipe eleita para comandar a Casa Barão de Melgaço, sede da AML, buscará formas de garantir a interlocução com os demais setores artísticos, ainda que sem uma fórmula definida.
"Tudo está sendo feito de um jeito novo. Eu ainda não tenho receita, não tenho receita para nada. Eu me comprometo com a Casa, com a guarda da memória, com a tradição, me comprometo com o lugar de onde eu vi, com o saber de onde passei, com o lugar onde moro, com as mulheres pretas que me pariram, com as escolas públicas que formaram a poeta que sou. Eu me comprometo com minha jornada", ponderou.
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