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país que mais mata transsexuais 29.01.2024 | 13h20

Mesmo com avanços, comunidade trans ainda sofre com estigmas no ambiente de trabalho

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Vanessa Araujo e Arielly Barth - Especial para o GD

redacao@gazetadigital.com.br

REPRODUÇÃO/REDES SOCIAIS

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Completa 20 anos nesta segunda-feira (29) a campanha nacional da visibilidade trans e travesti - Dia Nacional da Visibilidade Trans. Em 2004, os ativistas lançaram da primeira campanha contra transfobia no país intitulada de “Travesti e Respeito”, desde então, a data foi instituída como um dia para lembrar a causa trans e um momento de reflexão para a sociedade num geral sobre as batalhas diárias enfrentadas por essa população. 

 

Atualmente, o Brasil lidera a posição como país que mais mata pessoas transsexuais no mundo. Segundo o Dossiê Assassinatos e Violências contra Travestis e Transexuais Brasileiras da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), foram 131 assassinadas e 20 cometeram suicídio em 2022. O estudo foi lançado em 2023.

 

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É diante deste cenário que o conversou com a primeira advogada trans de Mato Grosso, Daniella Veyga, 29, e com Louis Silva, 29, jovem estudante de Saúde Coletiva e vice-coordenador estadual do Instituto Brasileiro de Transmasculinidades de Mato Grosso (IBRAT-MT).

 

Quando se pensa em carreira, esse é momento complicado para todo jovem, mas quando se fala na população trans o período é ainda mais delicado. Segundo dados da Antra, estima-se que 70% não concluiu o ensino médio e que apenas 0,02% tenha nível superior.

 

Arquivo pessoal

Daniella Veyga

 

Para a Daniella, o curso de Direito foi um sonho desde a infância que persistiu até a idade adulta. “Desde muito nova eu sempre quis fazer Direito, sempre quis ser advogada, na idade mais para adulta mesmo e decidi que eu iria fazer direito”, relembra.

 

Mas ter um diploma não a isenta de sofrimento no ambiente muitas vezes machista e transfóbico do Judiciário. “Ter um diploma não significa que eu esteja em uma posição mais confortável. Também estou em vulnerabilidade por estar na posição de ser uma mulher trans, eu ainda preciso até hoje mostrar o dobro da minha capacidade técnica”, pontua.

 

Para Louis Silva, o caminho também não é muito diferente. Ele conta que já passou por momentos constrangedores durante entrevistas de emprego. 

Arquivo pessoal

Louis Silva

 

 

“Entender quem sou para além do currículo ou valorizar meu currículo para além de quem sou, depende muito do pré-conceito do recrutador. Em algumas entrevistas de emprego, houve avaliações que iniciaram com um ar constrangedor, pelo recrutador ser informado/orientado por mim que eu sou trans e como devo ser chamado, bem como o traje social masculino que me apresentava”, contou. 

 

Dentro do ambiente de trabalho, Daniela já percebeu uma certa resistência de seus colegas de anunciá-la como “doutora”, como fazem com a maioria dos advogados, ela é sempre tratada apenas por seu nome.

 

“Vou em alguns eventos, que outros colegas meus, tantos advogados, como os defensores públicos, procuradores quando anunciado para mesa ou para o recinto são sempre citados como doutores, doutor fulano, doutora ciclana e ao citarem o meu nome é sempre Daniela Veyga. Então as pessoas elas têm uma resistência em me chamar de doutora. Então, eu acredito que isso é uma construção ainda social de que as travestis estão em uma situação de sub sociedade e que as travestis não podem ser doutora. Nós podemos sim”, afirmou.

 

Garantir que a população trans tenha acesso à graduação é uma medida necessária, mas não pode ser considerada de forma isolada, já que para chegar a faculdade é preciso concluir em ensino médio, como aponta Daniella.

 

“É importante que a gente possa garantir que elas terminem o ensino médio. Sem o ensino médio, não tem como a gente acessar reserva de vaga na universidade, não tem como acessar reserva de vaga com curso público, sendo que para o nosso país, o base para se avançar no futuro é educação, é preciso para que elas fiquem à vontade ali na escola, para que posterior a gente consiga brigar por vagas na universidade, com vagas no mercado de trabalho”, disse.

 

Outra necessidade da comunidade é o acesso à saúde e profissionais capacitados. Quanto a isso, para Louis, a qualificação dos profissionais de saúde é essencial.

 

“Conhecer não significa somente experienciar a coisa em si ,e sim, também, ter contato didático teórico a respeito. Descobrir novas perspectivas, o profissional pode se capacitar para atender a comunidade O YouTube é uma grande escola. Há vários canais de pessoas trans que falam abertamente sobre o tema e todas as questões do sujeito e seu entorno, artigos científicos, documentários, filmes também são uma solução”, recomendou Louis.

 

Apesar dos avanços já alcançados por pessoas como Daniela e Louis, ainda há um longo caminho a ser percorrido pela sociedade para garantir o acesso aos direitos básicos. 

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