Deu em A Gazeta 25.08.2021 | 07h42
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João Vieira
Retomada do Afeganistão após quase 21 anos pelo grupo Talibã já era esperada pelos muçulmanos, inclusive da comunidade islâmica de Mato Grosso, e é tida como legítima, uma vez que qualquer ocupação forçada, como a que foi feita em 2001 no país pelas foças estrangeiras, é considerada ilegal. A explicação é do sheikh Abdussalam Almansori, da mesquita de Cuiabá, que esclarece ainda que muçulmanos não reconhecem qualquer ocupação por força, como a realizada pelos Estados Unidos, que dominavam o Afeganistão, considerada por eles crime contra os direitos humanos.
Apesar de ser legítima, ele esclarece que não é possível dizer se a retomada foi justa ou não. Destaca que não defende o Talibã, mas é preciso esperar pelas mudanças que só o tempo dirá se realmente acontecerão. Temos esperança de que eles vão mudar, pois já entenderam a situação de como o mundo está funcionando.
Segundo ele, existem quatro escolas na jurisprudência islâmica e cada uma tem suas riquezas no que diz respeito às regras, aos ensinamentos e entendimentos diferentes. Abdussalam explica que diferente do que a maioria pensa, no Islã há liberdade para pensar, discutir, questionar e defender sua opinião. O que acontece é que há diferentes interpretações sobre as condutas que levam em conta fatores históricos e culturais. O que muda são as regras que cada uma impõe em relação à cultura, à vida do muçulmano, como oração, vestimentas, comportamento, casamento, etc, que são diferentes de um país para outro.
O Sheikh lembra que algumas coisas mudaram e todas as escolas islâmicas já estão garantindo os direitos das mulheres, dos cristãos, das crianças, de outras religiões, assim como de expressão. Um dos sinais que podem indicar uma mudança no regime do Talibã, conforme ele, por exemplo, é a retomada do país, que foi considerada por muitos pacífica.
Andussalan explica que muitas pessoas teriam fugido por medo, mas assim que o grupo assumiu, foi feito o anúncio de perdão a todos. Eles anunciaram perdão para todos, que todos poderiam ficar tranquilos e seguir com suas vidas, defende, reforçando que a legitimidade da retomada foi justamente por ser considerada a decisão do próprio povo afegão.
Impacto
Na prática, a mudança que ocorreu no país da Ásia não gera impacto direto na vida de muçulmanos fora do país, em especial em Cuiabá, a não ser quanto à relação negativa que é associada a eles e os ataques e preconceitos sofridos por causa da falta de conhecimento das pessoas. Pode ser que tenha alguma imagem errada sobre o Islã, e essa imagem errada infelizmente muitas vezes não é esclarecida.
Segundo ele, o Islã quer democracia, liberdade e justiça verdadeira para todos os povos, países e nacionalidades. Não queremos ataques, ocupação com força, guerras. Destaca que por vezes, ao invés de apareceram como vítimas, são colocados pela mídia e pelos países como vilões. Somos muçulmanos abertos, com pensamentos abertos. Nossa religião é o Islã, mas somos cidadãos brasileiros, seguimos os códigos e leis brasileiras. Queremos liberdade. No alcorão sagrado é garantida a liberdade religiosa, de expressão e de todos os lados da vida.
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