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07.04.2004 | 03h00

Polícia conclui caso Shangri-lá

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Fim do mistério. A polícia descobriu por que o delegado Edgard Fróes mandou matar a advogada Marluce Maria Alves, 53, e seu filho Rodolfo Alves Lopes, 24. Os dois foram assassinados no dia 18 de março dentro da própria residência no bairro Sangri-lá. O depoimento de duas testemunhas, ocorridos na noite de ontem, foi fundamental para a polícia chegar ao desfecho do crime.

O primeiro a depor, o agiota Trajano Souza Filho, contou que a empresária lhe devia R$ 32 mil, resultado de vários empréstimos.

Como não estava conseguindo quitar a dívida, Trajano começou a fazer cobranças e a intimidar a advogada. O filho de Marluce resolveu então ir à delegacia do Porto, onde o delegado Edgard Fróes trabalhava, para registrar uma ocorrência.

O delegado, que era amigo da empresária, propôs um acordo entre o agiota e Marluce. "Ele (Edgard Fróes) fez da delegacia um balcão de negócios", destaca o advogado das vítimas, José Geovaldo da Silva.

Conforme o advogado, Marluce, Fróes e Trajano fizeram um contrato por escrito estipulando os valores a serem quitados e as datas dos pagamentos.

No dia do acordo, a empresária pagou a Trajano R$ 6 mil em dinheiro, além de dois cheques no valor de R$ 5 mil cada um. Ficou estabelecido que ela pagaria o restante em prestações de R$ 5 mil. O dinheiro seria entregue ao delegado que repassaria ao agiota.

Nas datas previstas no contrato a empresária procurou o delegado Edgard Fróes e pagou mais três "prestações" de R$ 5 mil cada uma. Para comprovar que tinha recebido o dinheiro, o delegado emitiu recibos à Marluce.

O delegado, porém, não repassou os R$ 15 mil ao agiota. Como não recebeu o dinheiro Trajano resolveu telefonar para o delegado e cobrar a dívida. De acordo com a polícia, o delegado teria dito que a empresária estava "enrolando" para pagar. Trajano resolveu ligar para Marluce que afirmou ter pago R$ 15 mil ao delegado.

Revoltada, a empresária procurou Fróes para saber o motivo dele não ter pago a dívida. Ressaltou que tinha em mãos os recibos e que iria denunciar Fróes à Corregedoria da Polícia Civil caso ele não pagasse os R$ 15 mil ao agiota.

Como não dispunha do dinheiro, Fróes resolveu ligar para o proprietário de factoring, Luiz Peron Guerra, a fim de conseguir um empréstimo.

A quebra do sigilo telefônico do delegado comprovou que, no dia 17 de março, um dia antes do crime, Fróes telefonou 21 vezes para Peron, que lhe negou o empréstimo. Conforme o advogado José Geovaldo, há oito meses Peron já havia emprestado R$ 2 mil a Fróes, que não pagou a dívida.

Sem ter onde conseguir o dinheiro, o delegado resolveu então mandar matar Marluce. "A morte da empresária foi decidida na manhã do dia 17 de março. O crime foi planejado neste dia. As pessoas envolvidas no duplo homicídio foram contatadas pelo delegado", explica a delegada responsável pelo inquérito Ana Paula Faria.

Para executar o crime o delegado contratou Benedito da Costa Miranda, o "Piré", que, por sua vez, acionou um adolescente de 17 anos para ir até a casa da empresária. No dia do crime, o motoqueiro Hildebrando Passos, o "Hulck", levou o adolescente até a residência da empresária. Dentro de casa o menor matou mãe e filho com um tiro na nuca. Logo em seguida roubou a bolsa da advogada. Nela estariam os recibos que Fróes entregou à Marluce comprovando que ela tinha pago três prestações de R$ 5 mil.

Para a delegada Ana Paula Faria, não existe mais dúvida em torno da motivação do crime e nem da autoria.

Conforme ela, o delegado Edgard Fróes será indiciado como autor intelectual do crime. O motoqueiro "Hulck" e o intermediador "Pire" serão indiciados como co-autores do duplo homicídio.

De acordo com a delegada, o ex-marido de Marluce, o empresário Ezequiel Borges, que a princípio foi apontado como suspeito de estar envolvido no crime, não tem ligações com a morte da empresária.

Os depoimentos das duas testemunhas foi acompanhado pelo promotor do Grupo de Combate ao Crime Organizado (GCCO), Mauro Zaque. "O trabalho da DHPP foi excelente, todos os fatos estão devidamente esclarecidos", destaca.

O agiota Trajano Filho preferiu não dar declarações. Disse apenas que tudo o que tinha para falar estava nos autos.

Com o esclarecimento da motivação do crime, o inquérito do "Caso Sangri-lá", está concluído. "Vamos ouvir mais algumas testemunhas e encerrar o caso", diz a delegada Ana Paula.

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