embaixador 05.11.2023 | 08h00
Reprodução/Instagram
Em um imbróglio judicial com a Fórmula 1 e a Federação Internacional de Automobilismo (FIA), Felipe Massa ainda não decidiu se vai comparecer ao GP de São Paulo, neste fim de semana, no Autódromo de Interlagos. O piloto brasileiro é “embaixador” da F-1, mas foi vetado do GP da Itália, no início de setembro.
Massa costuma frequentar o paddock de Interlagos, assim como outros ex-pilotos brasileiros da F-1, como Rubens Barrichello. Nos últimos anos, no posto de “embaixador” da categoria, algo equivalente a garoto-propaganda do campeonato, o brasileiro executava funções de destaque, como conduzir as entrevistas pós-treino ou pós-corrida nos boxes.
Nesta temporada, porém, a situação é diferente. O clima entre o brasileiro e a F-1 mudou em razão da sua intenção de acionar a Justiça para tentar reconhecer o título do Mundial de 2008, quando foi vice-campeão. Ele contratou advogados de peso no universo do direito esportivo para enfrentar a F-1 e a FIA nos tribunais (leia mais abaixo).
A decisão fez a categoria desconvidar o brasileiro dias antes do GP da Itália. Por ter forte ligação com a torcida italiana, após oito temporadas na Ferrari, Massa costumava comparecer à corrida europeia. Além disso, os organizadores do GP italiano removeram uma faixa da torcida que afirmava que Massa era o verdadeiro campeão de 2008.
Questionado pela reportagem nesta semana, Massa disse, através de sua assessoria, que não sabe se estará em Interlagos no sábado ou no domingo. O Estadão apurou que a F-1 não vai se opor à presença do brasileiro no paddock do GP, neste fim de semana.
ENTENDA O CASO
A disputa entre Massa e F-1 e FIA remete ao GP de Cingapura de 2008, um dos mais polêmicos da história da F-1. Na ocasião, o brasileiro e Lewis Hamilton brigavam ponto a ponto pelo título. Antes daquela corrida, o inglês liderava o campeonato por apenas um ponto.
No auge de sua trajetória na F-1, Massa conquistara a pole position. Na corrida, liderava até a 14ª de 61 voltas. Foi quando Nelsinho Piquet bateu intencionalmente seu carro, por ordem do polêmico Flavio Briatore, para beneficiar Fernando Alonso, seu companheiro na Renault. O espanhol havia feito pit stop duas voltas antes e estava com o tanque cheio - na época, havia reabastecimento dos carros durante as corridas.
A batida provocou a entrada do safety car na pista, o que mudou totalmente a história da corrida. Alonso, que largara em 15º, herdou e manteve a primeira posição até a bandeirada final. Foi o maior beneficiado pela batida. Massa foi o maior prejudicado porque ainda viu a Ferrari cometer alguns erros nos boxes.
Após cair para o último lugar da prova, o brasileiro terminou a prova em 13º, sem somar pontos. Hamilton foi o terceiro e viu sua vantagem subir de um para sete pontos na tabela. O título, três etapas depois, foi definido por apenas um ponto de diferença.
No ano seguinte, Nelsinho Piquet admitiu publicamente que bateu de propósito em Cingapura para beneficiar Alonso. O Conselho Mundial de Automobilismo acolheu a denúncia, julgou o caso e distribuiu punições. Desclassificou a Renault no campeonato e suspendeu os dirigentes envolvidos na polêmica decisão: Briatore, chefe da equipe, e Pat Symonds, diretor de engenharia. Alonso e Nelsinho foram poupados.
Apenas um ano depois, tanto Briatore quanto Symonds fizeram acordos com a FIA para serem liberados para atuar na F-1. O primeiro vem sendo figura constante nos GPs da atual temporada, até mesmo tirando fotos com a cúpula atual da categoria, enquanto Symonds é o principal responsável pela área técnica da própria F-1.
O caso voltou aos jornais em março deste ano. Bernie Ecclestone, chefão da F-1 por quase 40 anos, fez revelações bombásticas sobre o caso em entrevista ao site F1-Insider. Questionado sobre os títulos de Hamilton, o inglês afirmara que considerava Michael Schumacher o único heptacampeão da história da F-1 porque Hamilton não seria o campeão moral de 2008, na sua avaliação.
Ecclestone disse que considerava Massa o campeão daquele ano em razão do que acontecera em Cingapura. O inglês revelou que ficou sabendo sobre a batida intencional de Nelsinho ainda durante 2008.
Essa informação é o grande fundamento das ações judiciais de Massa. O motivo é que, pelas regras da FIA, um campeonato não pode ter seus resultados alterados após finalizado. Assim, a confissão de Nelsinho, feita somente em 2009, não seria o suficiente para mudar o resultado daquela corrida.
Neste contexto, as declarações de Ecclestone promoviam uma grande reviravolta na discussão. “Max Mosley (então presidente da FIA) e eu fomos informados durante a temporada sobre o que havia acontecido na corrida de Cingapura. Nelsinho Piquet havia confessado ao pai, Nelson, sobre a ordem da equipe de acionar o safety car para ajudar Alonso a vencer. Implorei ao Nelson para manter a história em segredo”, afirmou Ecclestone, que é próximo do pai de Nelsinho.
“Decidimos não fazer nada na época. Quisemos proteger a Fórmula 1 e salvá-la de um grande escândalo”, declarou Ecclestone. “Tínhamos informação suficiente na época para investigar o caso. De acordo com o regulamento, teríamos que cancelar a corrida de Cingapura naquelas circunstâncias. Isso significa que aquela etapa não estaria contando para o campeonato. E aí Felipe Massa seria o campeão mundial, e não Lewis Hamilton.”
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