Justiça condena grupo a mais de 86 anos de prisão por golpes em idosos

O juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra, da Vara Especializada de Combate ao Crime Organizado de Mato Grosso, proferiu sentença na “Operação Antenados”, que investigou um esquema de fraudes eletrônicas e lavagem de dinheiro envolvendo empréstimos consignados em nome de idosos.

A decisão, de sexta-feira (17) condenou os principais réus por organização criminosa, furto qualificado mediante fraude e lavagem de dinheiro, e absolveu outros por falta de provas. Ao todo, as penas somam mais de 85 anos. 

De acordo com a sentença, o grupo se passava por representantes de um programa governamental de distribuição de antenas de TV. Durante as visitas, obtinha documentos e fotos das vítimas, usados posteriormente para contratar empréstimos fraudulentos em seus nomes.

As quantias eram desviadas para contas controladas pelos investigados. O réu Fernando Silva da Cruz foi apontado como líder da organização criminosa, responsável pela coordenação logística e financeira do esquema. Ele utilizava sua empresa Líder Copos como base de operações, inclusive com acesso às redes Wi-Fi identificadas nas fraudes. Sozinho, ele pegou 18 anos e 6 meses de cadeia. 

A ré Thaís Cristina Rocha foi considerada peça central no esquema, articulando a abertura de contas falsas e formalização dos contratos fraudulentos. Gelson Batista Tamborim e Jéssica Batista Tamborim foram reconhecidos como responsáveis pela movimentação e ocultação do dinheiro.

Outras rés, Thalita Cristina Rocha e Iara Iasmim Pires dos Santos, foram absolvidas parcialmente. O juiz entendeu que, embora tenham emprestado contas bancárias usadas na lavagem, não ficou comprovado que tivessem plena consciência da origem ilícita dos valores.

Já os réus Diego Rodrigues Assunção, Evanessa Fantacholi, Euller Rodrigues Assunção Júnior e Juliana Cristina de Toledo Rosa foram absolvidos integralmente, por insuficiência de provas.

A decisão também determinou o perdimento de bens apreendidos com os condenados e o bloqueio de valores destinados à reparação das vítimas. Caso não haja ações de indenização no prazo de 90 dias após o trânsito em julgado, os montantes serão revertidos ao Fundepol, fundo da Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso.

Segundo o magistrado, as provas — incluindo mensagens, transferências bancárias e depoimentos — evidenciaram “uma organização criminosa bem estruturada, que agia de forma coordenada, com divisão de tarefas e uso de tecnologia para ocultar os rastros financeiros”.

A 'Operação Antenados' foi conduzida pela Polícia Civil do Mato Grosso em parceria com o Ministério Público Estadual e revelou fraudes que somam centenas de milhares de reais em prejuízos a vítimas idosas em diferentes cidades do estado.