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online 13.06.2025 | 08h44

Como a identidade digital virou ameaça para a espionagem tradicional

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Durante décadas, agentes secretos conseguiam cruzar fronteiras com passaportes falsos e se infiltrar em outros países sob identidades forjadas. Essa prática, antes comum na espionagem, tornou-se praticamente inviável com os avanços em tecnologias de biometria, reconhecimento facial e rastreamento digital. A avaliação é de Kyle McCurdy, ex-diplomata britânico com 15 anos de experiência em tecnologias emergentes e cibersegurança.

 

Para o especialista, a digitalização da vida cotidiana tornou muito mais difícil criar e manter perfis falsos. Mesmo que um agente viaje com documentos falsificados, a ausência de um histórico digital consistente ou de pegadas nas redes sociais pode denunciá-lo. McCurdy explica que hoje um simples nome pesquisado na web pode levantar suspeitas se não houver um perfil online minimamente coerente.

 

“Esse é um desafio geracional para agências de defesa e inteligência”, afirma McCurdy em artigo publicado no Australian Strategic Policy Institute. Segundo ele, os profissionais da área precisam dominar tanto a criação de identidades digitais falsas para uso em missões secretas quanto o desenvolvimento de técnicas para identificar e neutralizar perfis falsos criados por outros espiões.

 

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McCurdy compara esse cenário à figura do “caçador furtivo que vira guarda-caça”, ou seja, alguém que, após conhecer as táticas de espionagem, usa esse conhecimento para proteger o próprio território.

 

Além das dificuldades técnicas, o contexto é agravado pela concentração de dados pessoais nas mãos de empresas privadas. Plataformas como Google, Meta e instituições financeiras reúnem mais informações sobre os indivíduos do que muitos governos, segundo ele. Ainda assim, lembra McCurdy, os Estados continuam sendo a instância final para autenticar identidades por meio de registros civis e emissão de documentos.

 

Ele cita o exemplo da Austrália, que implementou um sistema de número de identificação fiscal associado ao reconhecimento de impressão vocal para autenticação. Essa medida substituiu tentativas anteriores de criar uma carteira de identidade nacional e agora serve como base para a integração de dados entre diferentes órgãos públicos.

 

E a Inteligência Artificial nessa história?


Com a proliferação de ferramentas de IA, especialmente as com capacidade de gerar deepfakes e perfis digitais realistas, surgiu uma espécie de corrida armamentista entre governos e atores mal-intencionados.

 

McCurdy aponta que, mesmo com documentos forjados e avatares digitais bem produzidos, a coerência e manutenção desses perfis ao longo do tempo é uma tarefa complexa. Inclui desde padrões biométricos, como a forma de andar ou a impressão de voz, até a consistência de interações em múltiplas plataformas.

 

Segundo ele, espiões precisam agora de sistemas capazes de rastrear o uso de suas identidades digitais e garantir que elas não tenham sido comprometidas por falhas de segurança. Também precisam de meios para apagar ou ajustar informações já expostas e operar com perfis apenas parcialmente modificados, em vez de criar “personas” completamente novas.

 

Ao mesmo tempo, agências de inteligência precisam monitorar os adversários usando as mesmas estratégias. McCurdy questiona como identificar perfis falsos em ambientes digitais fragmentados e como transmitir essas informações com precisão aos analistas.

 

A simples indicação de que um perfil tem 60% de correspondência com um suspeito conhecido pode ser insuficiente para a tomada de decisão.

 

Ele destaca ainda que, com o avanço dos bots e IA generativa, interações humanas em missões podem ser substituídas por agentes automatizados. Bots são capazes de conduzir centenas de conversas simultâneas, nutrindo relações online até que um agente humano intervenha, caso necessário. Isso altera profundamente a lógica de atuação da espionagem tradicional, que costuma trabalhar com poucos alvos por vez.

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