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Polícia - A | + A

mais violento que o rj 30.11.2024 | 11h54

Criminalidade em MT é elevada por fatores históricos e geográficos

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Ana Júlia Pereira

redacao@gazetadigital.com.br

João Vieira

João Vieira

A polícia de Mato Grosso é a sétima mais letal do país e ocupa a mesma posição na lista de Mortes Violentas Intencionais, referente ao de 2023. Números mostram o avanço da criminalidade no estado nos últimos anos e o coloca à frente do Rio de Janeiro.

 

Ao , a professora de criminologia e direito processual penal da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Vladia Soares, que explicou como o fator histórico do Brasil contribui para o alto índice de violência registrado, assim como a fronteira com outros países favorece o comércio de drogas, principal motivo de guerra entre facções.

 

Arquivo Pessoal

Vladia Soares

 

“Quando aboliram a escravatura, nós tivemos a lei do ventre livre, que deixava as crianças filhos de escravos soltas pelas cidades. Essas crianças se tornavam pequenos infratores, porque não tinham o que comer, não tinham assistência, onde morar. Então, veio a abolição da escravatura e os negros também saíram das fazendas e não tiveram oportunidade de trabalho, oportunidade de emprego. Como eles ficavam nas ruas, logo se criou o crime de vadiagem. Então isso é histórico, vem desde a abolição da escravatura até os dias atuais”, pontuou a professora.

 

A vadiagem consta como crime no Código Penal de 1891, que incluía como vadio quem praticava capoeiragem em público. Na lei de contravenções penais de 1942, a vadiagem era definida como o ato de se entregar à ociosidade sem ter renda para subsistência ou praticar ocupações ilícitas.

 

Segundo dados do Mapa da Violência, disponibilizado pelo Ministério da Justiça, Mato Grosso é o sétimo estado com mais mortes por intervenção policial, com homicídio em  2023.

 

“Primeiro devemos observar quem é população mais atingida. Pelos estudos da escola de Chicago, são os marginalizados, aqueles que vivem a margem da sociedade, no Brasil, pardos, negros, pobres”, destacou a docente.

 

 “Quem é essa pessoa que figura como 'inimigo' no Brasil? São as pessoas negras. Essa violação de direitos ocorre com frequência porque essas pessoas não são vistas como humanas. São vistas como objetos que podem ser descartados, então pode violar que fica tudo bem", argumentou.

 

O baixo efetivo policial somado à discriminação e também à posição geográfica do estado convergem para um cenário violento, que precisa ser combatido efetivamente para que Mato Grosso não figure nas primeiras posições do Mapa da violência. 

 

“Mato Grosso é um dos estados mais violentos do Brasil, mas a situação do estado tem evoluído nos últimos anos. Conforme o Atlas da Violência 2024, Mato Grosso teve um aumento de 18% na taxa de violência em relação ao estudo anterior, o maior crescimento do país”, enfatizou a professora.

 

Ela ainda pontua que Mato Grosso vive uma guerra pelo comércio de drogas e isso se dá pela proximidade do estado com países vizinhos e torna a fronteira uma vasta rota do tráfico nacional e internacional.

 

“Estamos enfrentando uma luta pelo controle do tráfico de drogas em Mato Grosso. Temos o domínio ainda do Comando Vermelho, mas nas rotas de fronteira temos a entrada do PCC por rota rodoviária, além da tropa Castelar, outra facção que entra nessa disputa por território. Acredito que essa guerra é devido ao tamanho do estado que é imenso e suas fronteiras com a Bolívia, o que torna Mato Grosso rota para distribuição de droga no Paraná e em São Paulo”, explicou.

 

Neste quesito, o estado mato-grossense está a frente de todos da região Sudeste no ranking de Mortes Violentas Intencionais (MVI), a cada 100 mil habitantes. Os dados são do Anuário de Segurança Pública de 2024 referente a 2023.

 

A guerra entre facções é um dos principais fatores que elevam a violência no estado e o coloca a frente até do Rio de Janeiro, que tem problemas conhecidos com as organizações criminosas.

 

Fato é que o Rio de Janeiro possui 26,6 de homicídio por 100 mil habitantes, já Mato Grosso tem 31,9 para a mesma proporção de habitantes. O anuário apontou ainda que os outros estados do Sudeste também são superados por MT, com São Paulo estando bem abaixo, registrando 7,6, seguida de Minas Gerais com 14,8 e por fim, o Espírito Santo segue com um índice um pouco maior, com 28,5.

 

Mato Grosso está atrás apenas de 7 estados, sendo eles: Pará, Ceará, Amazonas, Alagoas, Pernambuco, Bahia e Amapá em relação aos homicídios.

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