Estatuto e mandamentos estabelecem execuções do CV

“Implacáveis”, dentro e fora dos presídios, no “combate aos atos perniciosos”, com a missão de eliminar os inimigos e a afirmação que “são o lado certo da vida errada”. Assim se definem integrantes do Comando Vermelho de Mato Grosso (CV/MT), que trazem como regra os 10 mandamentos da facção e ainda são guiados por Estatuto próprio.

O descumprimento das regras, seja por membros da organização criminosa ou até mesmo por não integrantes, pode culminar em punições, que são os chamados “salves”. Os “corretivos” incluem a prestação de serviços comunitários, pagamentos de cestas básicas e os “disciplinados” podem ter impostas regras como proibição de ingerir bebida alcóolica ou psicoativo por determinado período e proibição de ir a festas. Em casos mais graves, o “erro” deve ser pago com a vida, conforme julgamento do “tribunal do crime”.

Nos dois documentos, as regras deixam claro que as execuções são um dos meios necessários, inclusive para atingir o “patamar de eficiência”. Estatuto, divulgado em redes sociais por integrantes do CV na cidade de Sinop e revelado em estudo do Poder Judiciário, ao qual o Jornal A Gazeta teve acesso com exclusividade, traz como primeiro mandamento “não negar a pátria”, ou seja, estar sempre a serviço da facção.

O segundo mandamento é “não cobiçar a mulher do próximo”. A terceira regra é “não conspirar”, seguida de “não acusar em vão” e da obrigação de “fortalecer o caído”. Em sexto lugar, “orientar o mais novo” e, em sétimo, “eliminar os inimigos”.

“Dizer a verdade mesmo que custe a vida” está na lista das obrigações que é completada com as duas últimas regras: “não caguetar” e “ser coletivo”. “Nosso compromisso primeiramente é com o certo e com a razão (...) o crime nos dá a convicção de que todas as nossas bravuras pelo progresso, esforço e mérito, farão de nós vitoriosos. Pois somos o lado certo da vida errada.

Seguir a causa do CV é a nossa vocação”, confirma trecho do estatuto do CV. O enunciado traz ainda mensagens que tornaram lema da facção: “Se eu avançar, siga-me. Se eu recuar mate-me. Se eu morrer, vingue-me”. A facção em Mato Grosso, fundada por Sandro da Silva Rabelo, o Sandro Louco, é um braço independente da matriz, o CV do Rio de Janeiro, fundado em 1979, no Presídio de Ilha Grande.

A organização, de origem fluminense, traz no estatuto cinco pilares: Liberdade, Respeito, Luta, Justiça e União. (L.R.L.J.U). Ao todo, a “lei” do CV possui 15 artigos sobre o que pode e o que não pode, trazendo as devidas punições.

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