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cobram medidas concretas 23.08.2025 | 08h00

Estudantes denunciam assédio de professores e servidores da UFMT

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Aline Costa - Especial para o GD

redacao@gazetadigital

Divulgação

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Atualizda em 25/08/2025 às 16h27 - Estudantes do Instituto de Física da Universidade Federal de Mato Grosso (IF/ UFMT) denunciam assédio moral e sexual sofrido por diferentes funcionários da instituição, além da falta de apoio às vítimas nos casos em um curso majoritariamente formado por homens. Uma aluna conseguiu medida protetiva contra um servidor, que não foi afastado em primeiro momento. Após a remoção do cargo, alguém se passou pela estudante e retirou a queixa. Outra acadêmica relatou caso envolvendo um professor. Ambas afirmam que mais colegas são vítimas e nenhuma providência tomada.

 

Os casos vieram à tona quase um mês após registro de 3 crimes contra mulheres no ambiente universitário. A UFMT afirmou que tem conhecimento dos casos e garante apoio às vítimas. 

 

De acordo com a primeira estudante, casos de assédio no Instituto de Física (IF) têm sido constantes e ela foi vítima por parte de um servidor técnico, que passou persegui-la pela universidade. Tudo começou com uma amizade, em que os dois conversavam por mensagens. Quando os amigos da vítima tomaram conhecimento da relação, a alertaram sobre um histórico de comportamentos questionáveis do funcionário com outros estudantes.

 

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A partir desse momento, a jovem decidiu se afastar e o servidor não respeitou a decisão, continuando a enviar mensagens e insistir em contato. Assustada, ela procurou pela coordenação, mas não se sentiu acolhida. As respostas dadas sempre ficavam em torno da dificuldade em alguma providência ser tomada.

 

Reprodução

Instituto de Física da UFMT

 

“Eu fui à sala do diretor para comunicar a situação e ele simplesmente me respondeu assim: ‘Olha, eu sinto muito pela situação que você está passando, mas não tem nada que eu possa fazer para te proteger aqui dentro. Eu não posso ficar aqui nas câmeras o dia todo te observando. Evita ele, ou fale que tem um namorado”, relembrou a estudante. 

 

Em uma ocasião de perseguição na instituição, ela relatou que os dois discutiram nos corredores do IF. Em abril, ela solicitou a primeira medida protetiva, dada de 500 metros. Mesmo assim, o servidor não foi afastado o suficiente, apenas trocado de sala. Com a polícia envolvida, porém, as aproximações cessaram por um curto período.

 

Este mês, durante uma reunião da comunidade escolar, a jovem declarou sua indignação e a falta de apoio publicamente e o servidor finalmente foi colocado à disposição da universidade e afastado do bloco. Dias depois, entretanto, ele solicitou retorno alegando que a vítima havia retirado a medida protetiva solicitada. Ao , a jovem afirmou que nunca retirou a medida e que alguém se passou por ela.

 

“Depois disso eu fui até a defensoria. A mulher que me atendeu falou que uma defensora supostamente entrou em contato comigo falando que eu queria tirar a medida protetiva. Foi tudo feito de forma online. Eu não estava consciente disso. Essa mulher não era eu, eu não pedi para tirar a medida. Essa outra pessoa se passou por mim”, acusou a jovem.

 

Após esse caso, ela registrou um segundo boletim de ocorrência e solicitou novamente a medida protetiva dada com a distância dobrada, para um quilômetro.

Luiz Leite

Placa UFMT - Instituto de Física

 

 

Insegurança para mulheres
A denúncia da estudante gerou um processo dentro da universidade, que está em sigilo na Corregedoria Geral da UFMT. Com o conhecimento de que uma denúncia havia sido realizada, outras 3 estudantes também tiveram coragem para relatar casos contra o mesmo suspeito e se colocarem como testemunhas no processo.

 

A universitária contou, ainda, que após o episódio, a coordenação não tentou preservar sua identidade e sofreu também piadas de outros professores. Além do constrangimento, ela sente que isso a tornou "um alvo fácil" para outras situações de assédio.

 

“Além de tudo isso que aconteceu com esse servidor, alguns professores daqui, em vez de prestarem ajuda ou apoio, simplesmente me adicionaram nas redes sociais e passaram a responder com ‘Linda, muito linda’. Eles ficam dando em cima, os professores que sabiam da situação que eu estava passando, em vez de oferecer ajuda, vieram tentar se aproveitar neste momento”, relatou ela.

 

O curso de física na UFMT tem baixa presença de mulheres. De acordo com o anuário estatístico de 2022, dos 107 estudantes matriculados, somente 36 são do sexo feminino. 

 

Além do caso do servidor, uma segunda estudante, diagnosticada com autismo, entrou em contato com o e afirmou que também foi vítima de assédio na universidade, porém de assédio moral por parte de um professor. Ela relatou que colegas do curso passaram pela mesma situação, porém o medo de sofrer repreensão e serem descredibilizadas fazem com que as denúncias não sejam formalizadas.

 

“Tem vários casos que estão acontecendo no Instituto de física. Esse professor tem casos de assédio moral com várias alunas, desde calouras até veteranas. O que nós estudantes queremos é que as pessoas saibam o que está acontecendo dentro da universidade”, relatou a segunda estudante.

 

Após os casos, a reunião da Congregação do Instituto de Física, realizada no dia 11 de agosto, debateu a criação de um centro de acolhimento para estudantes vítimas de assédio, porém, a proposta não foi firmada por falta de pessoas aptas para atender as estudantes. Além disso, os presentes da Congregação consideram que o Centro não poderia ser formado por pessoas do mesmo bloco, uma vez que daria espaço para possíveis assediadores ocuparem o cargo.

 

“Não há lógica em ter uma comissão contra o assédio no IF que seja coordenada por alguém do IF, pois não há como lidar com os casos com isenção, uma vez que temos, todos algum, grau de comprometimento (por gostar, não gostar, ou mesmo por conhecer os envolvidos”, afirma trecho da ata lavrada na reunião.

 

Reprodução

homem preso importunaçao sexual ufmt

 

Casos recorrentes e diversos 
No último mês, a UFMT foi espaço para outros crimes. No dia 24, ma mulher de 54 anos foi encontrada morta por funcionários em um bloco do local. A perícia afirmou que ela foi vítima de violência sexual.

 

No último dia 28, uma estudante de comunicação social foi atacada dentro do campus por um usuário de drogas que vive em situação de rua. Dois dias mais tarde, no dia 30, um homem que não é aluno foi preso por importunação sexual a uma jovem de 19 anos.

 

A UFMT tem uma página dedicada a explicar sobre assédio e disponibiliza uma cartilha de instruções, explicando as diferenças entre assédio e importunação, além de instruir os estudantes a procurarem apoio.

 

De acordo com a cartilha, os casos também podem ser denunciados formalmente para a Ouvidoria da UFMT, Plataforma Fala.BR ou até mesmo ao Ministério Público ou à polícia. A cartilha promete, ainda, que a vítima será acompanhada e terá a identidade preservada. Leia aqui.

 

A reportagem procurou a UFMT, que relatou ter conhecimento dos casos. A Instituição afirmou que desde que foi formalmente notificada, a Pró-Reitoria de Assistência Estudantil (Prae) tomou medidas cabíveis para cumprimento da medida protetiva e que está prestando apoio às estudantes envolvidas. Além disso, informou que uma nova secretaria foi criada, a de Direitos Humanos e que ações para situações de violência e assédio envolvendo membros da comunidade acadêmica estão sendo estruturadas.

 

Após a publicação da reportagem, Denilton Carlos Gaio, atual diretor do Instituto de Física afirmou que após a troca para sua atual gestão, as medidas de afastamento do suspeito foram tomadas e a denúncia relizada à UFMT. A gestão, inciada em maio de 2025, afirmou que não compactua com o assédio e busca dar total apoio às estudantes. 

 

"O Instituto de Física tem buscado dar suporte às estudantes, garantindo que as aulas sejam ministradas por outros docentes nos casos em que há denúncias contra professores e encaminhando pedidos de apoio psicológico às alunas. A gestão acompanha outras denúncias e está reunindo documentação para encaminhar processo à Ouvidoria com base em informações trazidas pelas alunas, pelo Centro Acadêmico, pelas coordenações e pelos grupos de mulheres na ciência. O objetivo é assegurar um processo justo e eficiente, de forma a tornar o Instituto um ambiente acadêmico seguro", afirma trecho da nota. 

 

Leia a nota da Universidade na íntegra

A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) informa que tem conhecimento dos casos relatados no Instituto de Física (IF), Câmpus de Cuiabá, e que está acompanhando a situação por meio das instâncias acadêmicas competentes e da Pró-Reitoria de Assistência Estudantil (Prae), que tem prestado apoio às estudantes envolvidas.

 

Assim que foi formalmente notificada, a Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progep) adotou as medidas cabíveis para o cumprimento das determinações judiciais relacionadas à medida protetiva vigente. O caso tramita em sigilo na Corregedoria da instituição.

 

A UFMT reforça que dispõe de canais de acolhimento e orientação às vítimas, inicialmente pela PRAE, e que a recém-criada Secretaria de Direitos Humanos está estruturando ações específicas para o atendimento de situações de violência e assédio que envolvam membros da comunidade acadêmica.

 

Estudantes que se sintam vítimas de assédio devem registrar denúncia pelos canais oficiais — gov.br e Ouvidoria da UFMT — e, no caso dos discentes, procurar também a PRAE até que a Secretaria de Direitos Humanos esteja em pleno funcionamento.

 

A Universidade reafirma seu compromisso com a segurança, o respeito e a integridade da comunidade acadêmica, não tolerando qualquer forma de violência ou assédio em seus espaços.

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Comentários

Carlos Martins da Veiga - 23/08/2025

Estranho quando o Prefeito de Cuiabá falou contra apareceu Políticos e monte de gente criticando e agora não vi um Político na mídia para comentar??

Aroldo Nunes - 23/08/2025

Esta triste a situação da UFMT. Abílio está certo

Pedro luis - 23/08/2025

E agora a turminha do L que foi meter o Pau no Abílio..Vão se pronunciar nestes casos????

Cris - 23/08/2025

Onde está o povo do mi-mi-mi que acha que a UF está a mil maravilhas? Precisam intervir no Campus para voltar pelo menos um pouquinho da sua representatividade do pretérito.

4 comentários

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