DEU EM A GAZETA 30.06.2025 | 09h54

pablo@gazetadigital.com.br
Roque de Sá/Agência Senado
Na semana em que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, abriu a fase de alegações finais do processo contra o núcleo central da trama golpista no país, um relatório intitulado "agrogolpistas" revela que os líderes do agronegócio de Mato Grosso, que atuaram e financiaram atos antidemocráticos, escaparam das ações penais concentradas pela Corte Suprema.
Entre os principais nomes está do ex-presidente da Aprosoja Brasil, Antônio Galvan, e o ‘clã Bedin’, que segundo o levantamento das investigações participaram ativamente para financiar, mobilizar e levar caminhões para ficar em frente ao Quartel General em Brasília, onde se encontrava o acampamento que organizou os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Antônio Galvan, surge na trama golpista em 2023, após um relatório da Agência Brasileira de inteligência (Abin) sobre o financiamento do agronegócio aos bloqueios de rodovias. O documento detalha a atuação do Movimento Brasil Verde e Amarelo, liderado por Galvan, que já era alvo de inquérito por apoiar atos antidemocráticos desde 2021.
O documento também inclui na lista dos "agrogolpistas" a família Bedin com 10 membros arrolados entre os donos de caminhões estacionados no pátio do Exército, que eram utilizados em bloqueios de rodovias. Isso chegou a ser revelado durante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, quando o patriarca Argino Bedin foi depor sob acusação de ter sido um dos financiadores dos atos. Na época, Bedin ficou em silêncio e chorou.
De acordo com o relatório do Coaf encaminhado a CPMI, Roberta Bedin, filha de Argino, movimentou R$ 19,6 milhões entre 2021 e 2022. Seu pai, R$ 1,9 milhão. “Segundo o relatório, os montantes tinham origem não identificada e sinalizavam que o dinheiro foi injetado em ações políticas”, diz trecho do documento.
Os dois estão na lista dos 43 empresários que tiveram as contas bancárias bloqueadas por suspeita de organizar e financiar atos antidemocráticos. Também aparece o primo Sérgio Bedin, que nas eleições de 2022 doou R$ 100 mil para a campanha de Bolsonaro a reeleição. Outro primo, Luciano Bedin, depositou R$ 60 mil para o ex-presidente. “Outros seis membros da família figuram na lista de donos de caminhões encontrados no QG do Exército em Brasília: Rafael e Nilson Bedin, Ary Pedro Bedin e seu filho Evandro; além de Cristiane e Ângela Maria Bedin, sócias na Sorriagro Insumos Agrícolas”, completa o relatório.
Argino Bedin depôs na CPMI dos atos de 8 de janeiro e chegou a chorar. Já Antônio Galvan (detalhe) foi acusado de usar a Aprosoja para financiar ataques a democracia
Outro lado
Procurado, Antônio Galvan disse que não tem conhecimento do relatório agrogolpista, mas que o seu não indiciamento nas
ações ocorre porque ele não teria nenhum envolvimento com os atos de 8 de janeiro. “A gente não tem envolvimento nenhum mesmo no 8 de janeiro. E foi quebrado sigilo bancário da gente lá atrás e também da Aprosoja, e nada demonstrou de financiamento”, disse. Ele ainda diz ter a consciência tranquila de que não fez nada errado.
A reportagem não conseguiu contato com Argino Bedin e nenhum de seus familiares.
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