Emenda de R$ 80 milhões para saúde não agrada vereadores

A iniciativa da bancada federal de Mato Grosso em pedir ao governo federal que destine uma emenda de R$ 80 milhões para ajudar o governador Pedro Taques (PSDB) a custear a saúde do Estado e quitar as dívidas com os hospitais regionais não agradou alguns vereadores de Cuiabá. O motivo é que o recurso já estava, em tese, comprometido e destinado a equipar o novo Pronto-Socorro de Cuiabá, obra que está em construção, mas sem previsão de ser concluída.

Divulgação Paulo Araújo

Agora, com o anúncio do deputado federal Nilson Leitão (PSDB) de que o dinheiro deverá dividido entre os 7 Hospitais Regionais de Mato Grosso, os vereadores Paulo Araújo (PP) e Dilemário Alencar (Pros) reclamaram publicamente e disseram que não concordam com tal decisão. Alegam que a Capital e o povo cuiabano serão prejudicados, pois quando a nova unidade de saúde (promessa de campanha de 2012 do ex-prefeito Mauro Mendes - PSB) vier a ficar pronta, não terá os R$ 80 milhões para comprar os equipamentos.

Paulo Araújo que é funcionário público concursado com anos de experiência na frente da saúde pública estadual e já prestou consultoria técnica na Assembleia Legislativa na elaboração de projetos nessa área, teceu críticas a Nilson Leitão e aos gestores que comandaram a Secretaria Estadual de Saúde nos últimos anos. Ele está licenciado do cargo para exercer a função de vereador.

Sobre a fala de Leitão, para remanejar recursos de aquisição de equipamentos para pagar dívida de custeio da saúde, o vereador disse que “nota-se total despreparo e conhecimento sobre a gestão da saúde pública do Estado, suas causas e consequências”. Afirmou ainda que a atual crise na saúde é reflexo de uma “política estadual indefinida, sem prioridade, sem modelo de atenção”. Lembrou que desde de 2012, os repasses aos municípios foram diminuídos pela metade com os mesmo argumentos.

Essas ações, segundo ele, “trouxeram consequências gravíssimas ao sistema único, quebraram o municípios, e desde de então, nada foi feito para reverter os péssimos indicadores”. Por fim elencou ainda que atualmente a saúde estadual dispõe de “hospitais regionais sem comando, desarticulados da rede, sucateados e alguns ainda entregues às OSS”.

“Gestão da saúde não se faz no afogadilho ou com proposta sem conhecimento de causa, meramente política para jogar pra platéia. Se faz com responsabilidade, organização e principalmente planejamento, analisando dados e indicadores. Precisamos urgentemente rever a política estadual de saúde”, enfatiza Paulo Araújo.

Dilemário Alencar

Dilemário Alencar também esclarece que não concorda com o remanejamento de recursos que seriam destinados a Cuiabá para pagar hospitais regionais. “Em dezembro de 2016, foi anunciado com pompas que a bancada federal de Mato Grosso destinaria R$ 100 milhões para saúde em Mato Grosso. Desse montante, R$ 80 milhões para equipar o Novo Pronto-Socorro de Cuiabá e os outros R$ 20 milhões para distribuir entre outras unidades de saúde pública. Querer tirar agora os R$ 80 milhões destinados ao novo Pronto-Socorro é uma traição com Cuiabá”, disse o vereador na tribuna do Legislativo Municipal.

Para Dilemário, “o certo é os deputados buscarem outra solução para o governo do Estado pagar o que deve aos hospitais regionais, como por exemplo, a taxação do agronegócio, um setor milionário, que muito bem poderia contribuir com saúde pública”.

Ele convoca o povo cuiabano a se mobilizar contra o que ele classifica como uma “posição equivocada dos deputados, que poderá fazer com que Cuiabá corra o risco de ter a obra do novo Ponto-Socorro inconclusa devido à falta de recursos para a compra de equipamentos”.