Correios exclui agências numa licitação

Causou surpresa no mercado publicitário o resultado da segunda fase da concorrência de R$ 90 milhões anuais aberta para escolher três agências de publicidade que atenderão a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) nos próximos cinco anos. Numa reviravolta incomum, as selecionadas na fase de análise das propostas técnicas, considerada a mais decisiva, foram desclassificadas na fase subseqüente, de avaliação dos recursos apresentados.

Coincidentemente, duas das três empresas desclassificadas têm entre seus sócios profissionais ligados ao governo Fernando Henrique Cardoso. As novas vencedoras, por sua vez, são conhecidas pela proximidade de políticos do atual governo, em especial ao PMDB, que tem a presidência da estatal. O resultado foi divulgado na última sexta-feira (31). Entre os participantes, espera-se uma avalanche de recursos administrativos. Pelo menos duas empresas pretendem entrar na Justiça para tentar derrubar a licitação.

A Artplan, antes classificada em quarto lugar, acabou elevada a primeiro na disputa pela conta mais volumosa, de R$ 45 milhões anuais, destinada a promover o Sedex, o produto mais importante dos Correios. A empresa, do Rio, tem entre seus mais assíduos clientes políticos do PMDB fluminense. A selecionada anterior era a Nova S/B, que pertence a Bob Vieira da Costa, ex-assessor de José Serra.

Na disputa pela conta destinada à divulgação do telegrama, de R$ 22 milhões anuais, a baiana Propeg, hoje próxima de setores do PMDB comandados pelo ex-presidente José Sarney, desbancou a MPM, de Nizan Guanaes.