O que são data centers, assunto que pode entrar na negociação entre Brasil e EUA

A negociação pelo fim da tarifa de 50% imposta ao Brasil pelos Estados Unidos teve mais um capítulo com a reunião entre o presidente Lula e o presidente norte-americano, Donald Trump, no último domingo, na Malásia. Os dois garantiram que as conversas vão continuar pelos próximos dias.

Um dos tópicos que pode entrar nessa negociação é o Redata, um regime diferenciado de tributação para data centers. O regime foi criado por meio de uma Medida Provisória, que ainda precisa ser votada no Congresso Nacional.

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De acordo com o texto, as empresas que se beneficiarem terão que alocar 2% de seus investimentos em pesquisa e desenvolvimento nas cadeias produtivas digitais no Brasil.

O presidente em exercício, Geraldo Alckmin, disse, nessa segunda-feira (27), que é importante que a medida seja aprovada no Congresso, já que há um potencial grande de investimento no Brasil nessa área. “Muitos países têm problema em receber data center por falta de energia. O Brasil tem energia em abundância e renovável. Esses são investimentos voluptuosos. Então, muita oportunidade de investimento”, destacou.

Mas, afinal, o que são data centers?
Data centers (centro de dados, em tradução livre) são locais onde ficam armazenados ou são processados grandes volumes de dados. Normalmente são usados para computação em nuvem, inteligência artificial e internet das coisas, como serviços bancários e ferramentas de inteligência artificial, como o ChatGPT. O grande problema dessas estruturas é a necessidade de muita energia para que elas operem e sejam refrigeradas, a fim de evitar o superaquecimento.

De acordo com o governo brasileiro, hoje cerca de 60% dos dados do país são processados fora do Brasil. A ideia do Redata é diminuir essa dependência estrangeira e aumentar os investimentos na economia digital do país.

Para isso, o governo prevê a isenção de PIS/Pasep, Cofins e IPI na aquisição de equipamentos, importados ou produzidos no Brasil, destinados à implantação, ampliação e manutenção de data centers. Também fica estabelecida a exigência de uso de energia 100% renovável ou limpa com zero emissão de carbono.

Como contrapartida, a MP obriga empresas beneficiadas a aplicar 2% de seus investimentos em projetos de pesquisa e desenvolvimento no país. Além disso, ao menos 10% dos serviços deverão ser reservados ao mercado interno.

O governo reservou R$ 5,2 bilhões para o Redata no Projeto de Lei Orçamentário Anual (PLOA) 2026. A partir de 2027, o programa contará também com os benefícios da Reforma Tributária.

Os Estados Unidos, hoje, concentram a grande maioria dos data centers do mundo. Ao todo, são 4.130, de acordo com levantamento do Data Center Map. O Brasil, por outro lado, tem 195. A expectativa de Alckmin é de que, com os benefícios fiscais, o mercado brasileiro fique mais competitivo para que as grandes empresas de tecnologia dos Estados Unidos invistam aqui.

“Há uma expectativa de que o Brasil possa atrair R$ 2 trilhões de investimentos, ao longo de 10 anos, gerando aqui inovação, fortalecendo inteligência artificial, melhorando a produtividade, gerando emprego e renda. Um grande dia”, disse Alckmin no lançamento da MP.

Negociações com os EUA
No domingo, no encontro com Trump, Lula disse que as negociações devem continuar. Ele afirmou que o Brasil pretende enviar uma “equipe de alto nível” para conduzir as tratativas entre os dois países.

Segundo o petista, o grupo será formado pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad; das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin.