Contradição 19.08.2020 | 20h00
Reprodução/TV Câmara
O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou na última quinta-feira, dia 13, que o governo federal não conseguiu atender ‘nem 50%‘ da demanda por cloroquina feita por Estados e municípios. O medicamento tem sido usado no tratamento contra a covid-19, com defesa intensa pelo presidente Jair Bolsonaro, mesmo sem comprovação científica da sua eficácia.
O Exército, no entanto, maior aliado do governo na produção dos comprimidos de cloroquina, afirmou ao Estadão na segunda-feira, 17, que possui hoje quase 1 milhão de comprimidos em seus estoques e que, desde julho, não recebeu nenhuma nova demanda para produção do remédio. Essa produção é feita após o Exército receber pedidos pelos Estados e municípios.
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‘Coloco de uma forma bem clara que nós atendemos demandas, nós não distribuímos sem demanda, e alerto que nós não conseguimos atender nem 50% do que nos demandam‘, disse Pazuello, durante participação em audiência pública no Congresso, no dia 13, à comissão que acompanha a situação da pandemia do novo coronavírus.
O ministro interino ainda acrescentou: ‘nosso estoque hoje, no Ministério da Saúde, é zero. Não temos nem um comprimido para atender as demandas. Nós temos uma reserva de 300 mil itens, apenas para atender malária, guardada, o que representa algo em torno de 20% do que eu preciso por ano. Temos uma demanda reprimida hoje de mais de 1,6 milhão de doses para Estados e municípios, só hoje‘.
Antes dessas declarações de Pazuello, a reportagem já havia questionado o Exército sobre detalhes de sua produção, que é realizada por seu Laboratório Químico Farmacêutico (LQFEx). As respostas chegaram na última segunda-feira. Perguntado se o laboratório tem disponibilidade de estoque do medicamento, o Exército informou que ‘possui atualmente um estoque de 922.880 comprimidos de Cloroquina 150mg‘.
A respeito de sua produção de comprimidos de cloroquina, o órgão informou que ‘houve a produção no LQFEx até julho de 2020‘ e que ‘no momento, não há novas demandas produtivas‘.
A reportagem enviou essas informações ao Ministério da Saúde, para esclarecer os motivos das contradições. Por meio de nota, a pasta informou que ‘não possui estoque de difosfato de cloroquina, uma vez que o medicamento foi distribuído de acordo com os pedidos e planejamento prévio do Ministério da Saúde‘.
O ministério afirmou que, neste ano, atendendo solicitações de Estados e municípios, enviou 5.284.700 unidades de difosfato de cloroquina 150 mg para todo o País. Paralelamente, declarou que recebeu doação de 3 milhões de unidades de sulfato de hidroxicloroquina, em frascos de 100 e 500 comprimidos. ‘O medicamento deve ser enviado nas próximas semanas aos Estados e municípios que solicitarem à pasta e apresentarem condições de fracionar e distribuir as unidades, conforme orientações da Anvisa‘.
O Ministério da Saúde informou ainda que ‘permanece em constante avaliação da possibilidade de produção e aquisição de ambos medicamentos‘, referindo-se à cloroquina e hidroxicloroquina.
Segundo o Exército, seu laboratório produziu aproximadamente 3 milhões de comprimidos de cloroquina 150mg, desde que a operação foi anunciada pelo governo. A produção teve por objetivo atender às demandas do Ministério da Saúde e Ministério da Defesa.
Os gastos dessa produção chegaram, até o momento, a R$ 1,137 milhão, segundo o Exército. A capacidade de produção do laboratório, que é de 1 milhão de comprimidos semanais, não foi ampliada. Após a última etapa de produção do medicamento, no início de junho de 2020, esgotaram-se os estoques para produção pelos militares.
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