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12.06.2005 | 03h00

35 anos de Irmãos Coragem

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Foi numa conversa com Daniel Filho que Janete Clair teve a idéia de escrever aquela que seria uma de suas novelas mais famosas: Irmãos Coragem, de 1970. O diretor discorria sobre o cineasta italiano Sergio Leone e os muitos filmes de western que celebrizou, como Por Um Punhado de Dólares (1964) e Era Uma Vez no Oeste (1968), quando a autora resolveu transpor o gênero para a tevê. Em vez de uma cidadezinha qualquer no Velho Oeste, ambientaria a história na fictícia Coroado, um vila localizada no interior de Goiás. No centro da narrativa, dois valentes garimpeiros, os irmãos João e Jerônimo Coragem, interpretados por Tarcísio Meira e Cláudio Cavalcanti, fariam as vezes dos intrépidos caubóis americanos.

Assim, na noite de 8 de junho de 1970, foi ao ar o primeiro capítulo do bangue-bangue, quando João encontra um diamante valiosíssimo que lhe é roubado pelo coronel Pedro Barros, imortalizado por Gilberto Martinho, o homem mais poderoso da região. "Irmãos Coragem foi a novela que conquistou, definitivamente, a adesão do público masculino. Antes dela, os homens tinham vergonha de admitir que viam novelas", observa Tarcísio.

Mas, como 1970 era ano de Copa do Mundo no México, Janete resolveu transformar um dos três personagens-título em jogador de futebol. Afinal, não queria que aquela novela, assumidamente rural, afugentasse o público urbano. Assim, surgiu Eduardo Coragem, o Duda, vivido por Cláudio Marzo. Enquanto João e Jerônimo lutavam para reaver o diamante roubado, Duda sonhava em virar craque no Flamengo. "Janete criou três personagens principais e praticamente três novelas diferentes. Juntas numa só, enfrentou, sem problemas, a tarefa de manter uma única novela no ar por mais de um ano", destaca o jornalista Artur Xexéo, autor de Janete Clair A Usineira de Sonhos. De fato, enquanto uma novela durava de seis a oito meses, com uma média de capítulos que variava de 120 a 200 capítulos, Irmãos Coragem chegou a heróicos 328, tornando-se, assim, a mais longa já produzida pela Globo.

A exemplo de tantas outras exibidas na época da ditadura, Irmãos Coragem também enfrentou problemas com a censura. Também pudera. No Brasil do general Emílio Garrastazu Médici, o governo militar perseguia partidos de esquerda e torturava presos políticos. Na Coroado do coronel Pedro Barros, não era muito diferente. Ele também ditava a lei, corrompendo a polícia e oprimindo a população. Mas nada disso, nem a duração excessiva da trama, nem a sempre indesejada censura, arrefeceu os ânimos do elenco. Quem garante é o ator e diretor Milton Gonçalves, que substituiu Daniel Filho por volta do capítulo 74. "Foi muito cansativo, sim, mas muito prazeroso também. Afinal, fazíamos o que gostávamos. Às vezes, chegava a trabalhar 18 horas por dia", contabiliza Milton, que conciliava a direção geral da novela com a interpretação do personagem Brás.

No último capítulo, Jerônimo morre baleado, enquanto Pedro Barros, enlouquecido, põe fogo em Coroado. Desesperado com a morte do irmão, João destrói o diamante que tanta desgraça trouxe para a sua família e para a população da cidade. Na cena final, João desenterra dos escombros de Coroado o sino da igreja e conclama os sobreviventes a reconstruírem, juntos, a cidade. O sucesso foi tanto que, em 1995, nas comemorações dos 30 anos da Globo, a emissora convidou Dias Gomes, o viúvo de Janete, para fazer um remake de Irmãos Coragem. Para os papéis de João, Jerônimo e Duda, foram escalados, respectivamente, Marcos Palmeira, Ilya São Paulo e Marcos Winter. O fiasco, porém, gerou até um troca-troca de diretores: Luiz Fernando Carvalho cedeu o lugar para Reynaldo Boury. "Se você fica muito preso ao original, o remake não dá certo. Irmãos Coragem só deslanchou depois que o Dias Gomes me deu plena liberdade para mudar o que fosse preciso", acredita Marcílio Moraes, um dos responsáveis pela adaptação. Curiosamente, alguns atores do elenco original participaram do remake. Cláudio Marzo, por exemplo, assumiu o papel do odioso Pedro Barros. "Nessa época, um maluco de Campina Grande me ligava todos os dias. Fazia ameaças de morte, me xingava de tudo que era nome e, depois, desligava. O pior é que, às vezes, ligava a cobrar", recorda Cláudio, bem-humorado.

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