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25.01.2004 | 03h00

A história da TV em figurinhas

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Hebe e o narrador esportivo Silvio Luiz ainda tinham cabelos negros como a asa da graúna. O autor Manoel Carlos e o diretor Nilton Travesso eram jovenzinhos produtores de TV. Silvio Santos tinha começado a vender o carnê do Baú e o banco da Praça é Nossa, na época Praça da Alegria, ainda era ocupado pelo Nóbrega pai. Imagens assim e outras tantas que marcaram a história da TV fazem parte do acervo de figurinhas do empresário Antônio Carlos Bonin, um colecionador de carteirinha.

Bonin, que coleciona figurinhas há quase 20 anos, possui mais de 5 mil álbuns, boa parte deles, com imagens sobre o mundo da televisão. São relíquias como o álbum Ídolos da TV, lançado na década de 60, reunindo imagens do programa Jovem Guarda, de novelas da época e de apresentadores famosos. Na página batizada de Câmeras e Microfones, Hebe Camargo aparece garotinha ao lado de Cassiano Gabus Mendes (também jovem) e Ayrton Rodrigues. Dividem uma página Jô Soares, Arrelia, Pimentinha, Chico Anysio e Golias.

"Comecei colecionando moedas antigas e acabei fazendo uma troca por alguns álbuns de figurinha", conta Bonin. "Com o tempo, deixei as moedas de lado e passei a me dedicar só as figurinhas, me encantei com isso. É um tipo de coleção movida pela paixão, pois não há retorno financeiro, diferente de selos e moedas. Você só gasta. A recompensa vem ao ver um álbum completinho."

Ao folhear a coleção - com cuidado, é claro, pois o dono fica como um cão de guarda ao lado delas - encontram-se figurinhas de novelas importantes como as da primeira versão de Irmãos Coragem, de O Semideus, de O Machão e de tramas mais recentes como Roque Santeiro. A TV era tão valorizada nesse universo de figurinhas, que, nos álbuns dos anos 60 e 70, há espaço até para profissionais de bastidores e moças de merchandising, chamadas na época de anunciadoras.

Em um dos álbuns, há páginas dedicadas à maquiadores, roteiristas - Max Nunes e Vianinha (criadores da Grande Família) aparecem nele - figurinistas, cinegrafistas e músicos da TV, nesse último, há uma imagem do músico Caçulinha.

"Tenho álbuns que separam os artistas por década, por novela e outros com uma separação mais engraçada", conta Bonin, mostrando um álbum com figurinhas de artistas divididas pelos títulos: Balzaquianas, Sereias, Brotinhos, Cheias de Curvas, Briguentos, entre outros. Nele, aparece a atriz Tônia Carrero - recordista de aparição nos álbuns de figurinha das décadas de 60 e 70 - só não seria apropriado dizer em que categoria.

Na coleção, além do universo de TV, há muitos álbuns sobre futebol, com craques de várias seleções, de várias décadas do mundo inteiro. Tamanha diversidade fez com a Globo procurasse o colecionador na época do programa Copas de Mel (2002), com Denise Fraga, para que ele mostrasse suas figurinhas da seleção brasileira.

Além de álbuns de várias datas, o colecionador também possui diversos tipos de figurinhas: as que vinham em cigarros (lançadas em 1910, uma das primeiras), as que estavam em sabonete, as de balas e chicletes. Muitas dessas traziam até a biografia dos artistas na parte de trás. Depois, vieram as primeira coladas com cola branca (que surgiram em 1930) e as autocolantes (mais modernas). Entre as mais antigas estão imagens em papel fotográfico, mais raras e caras, que dão um ar de álbum de fotografias à coleção.

"A história da figurinha pode ser contada pelo método com o qual elas eram colocadas nos álbuns. Primeiro elas não tinham cola, eram como cartões. Depois é que vieram as que colamos com cola branca e as autocolantes", conta Bonin. "Posso dizer que a cola tenaz foi a ruína dos colecionadores, pois, com ela, uma vez colada torta, dificilmente tem conserto."

Manter tudo isso e conseguir mais relíquias não é tarefa fácil. Bonin passa boa parte de seus finais de semana passeando por praças freqüentadas por colecionadores como a Benedito Calixto (no bairro de Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo) e feiras de antigüidade. Na bolsa, figurinhas, álbuns repetidos para trocar e um pouco de dinheiro para novas aquisições. Na cabeça, boa memória, para se lembrar do que já tem e do que precisa para completar um álbum e muita paciência. "Uma figurinha custa em média 10 centavos, e um álbum, entre R$ 20 e R$ 30 reais", conta ele. "Mas há álbuns raros que chegam a custar R$ 100."

Separados por editoras e ano, os álbuns da coleção são cuidadosamente guardados em dois arquivos que Bonin possui em suas casas. Constantemente limpos e revisados, poucos álbuns aparentam a idade que têm. Não há figurinhas tortas, rasgadas ou mal coladas. Alguns poderiam passar por novos, se não fossem as imagens contidas neles: Chacrinha de bigode e sem fantasia, atores de Beto Rockefeller (1968) e da Família Trapo (Record, 1966/71). Imagens da TV que nem a própria TV tem. Raridades sobre um veículo que teve seu passado consumido pelo descaso, fitas regravadas e incêndios em quase todas as emissoras. Figurinhas que mostram que a história da TV sobrevive das lembranças de seus protagonistas e dos colecionadores de plantão.

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