26.09.2004 | 03h00
Para muitos, a profissão de repórter é uma das melhores que existem. Afinal, alguns deles ganham a vida num vaivém sem escalas pelos quatro cantos do mundo. Entre um aeroporto e outro, conhecem lugares paradisíacos, dormem nos melhores hotéis e ainda ganham por isso... Mas a verdade é que a intrépida vida de repórter também está sujeita a algumas intempéries, como guerras, furacões e afins. É o que garante Zeca Camargo, que voltou ao Brasil no próximo dia 19, depois de um tour de quatro meses pelo planeta. Nesse período, ele e o cinegrafista Guilherme Azevedo visitaram 17 países para o quadro A Fantástica Volta ao Mundo. "Confirmei nessa viagem o que já tinha experimentado como turista: falou que é brasileiro, recebe um sorriso na certa", brinca Zeca, por e-mail, da Escócia.
Ao longo da carreira, Zeca calcula já ter visitado cerca de 70 países. Parece muito, mas o recorde deve pertencer a Glória Maria, que contabiliza 124 países visitados. Até hoje, ela se emociona ao falar da vez em que impediu um velho de 80 anos de morrer congelado no Himalaia. Na mesma hora, pediu que o guia o acompanhasse até o hospital mais próximo. "Uma semana depois, voltei ao local e constatei que ele havia sobrevivido. Eu me orgulho de ter salvado a vida daquele homem", destaca.
O repórter Régis Rösing não teve a mesma felicidade. Recentemente, ele visitou o Haiti, onde o Brasil jogou contra a seleção local, e ficou horrorizado com o que viu. Embora quisesse, sabia que não conseguiria ajudar ninguém. O jeito foi denunciar as péssimas condições de sobrevivência, que obrigam famílias inteiras a comerem ratos. "Fiz imagens que não puderam ir ao ar. Nunca pensei que existisse algo parecido", frisa.
Há aqueles, porém, que, antes de salvar a vida dos outros, têm de zelar pela própria segurança. Esse foi o caso de Caco Barcellos, que cobriu um conflito entre israelenses e palestinos em 2002. Logo, ele se tornou alvo de soldados israelenses ao entrar em Nablos, uma zona isolada de guerra. Os pneus do carro em que viajava foram atingidos por metralhadoras e ele teve de debandar sobre os aros das rodas. "Por muito pouco, não fui atingido nas pernas", relembra Caco.
Mas é exatamente o espírito de aventura que leva repórteres a cometerem certas sandices. Como a de participar do rali mais perigoso do planeta: o Paris-Dacar. Durante 17 dias de competição, a então âncora do Bom Dia Brasil, Leilane Neubarth, viu de perto abismos colossais, se deslumbrou com o deserto do Saara e ainda temeu o risco de ataques terroristas. "Se eu não tivesse esse espírito aventureiro, jamais teria sido jornalista", minimiza.
Roberto Cabrini que o diga. Em 98, o atual âncora do Jornal da Noite, da Band, passou 40 dias no Afeganistão, onde fez uma série de reportagens sobre a milícia talibã para o SBT Repórter. Certo dia, registrou a destruição de uma cidade afegã. Quando já estava saindo do hotel, foi interceptado por guerrilheiros talibãs. "Eles proibiram a gente de fazer qualquer imagem do território devastado. Tive de dizer que estava perdido, senão eles me matavam", recorda.
Há alguns anos, Cabrini trocou a intrépida vida de repórter pelo pacato dia-a-dia de âncora de telejornal. Mas ele não foi o único. Muito antes de comandar o Jornal do SBT, Hermano Henning foi correspondente da Globo por 20 anos. Neste período, viajou para a Antártica a bordo do Barão de Teffé, enfrentou fogo cruzado na Guerra da Angola e escalou o Aconcágua, no Chile. "Quando era repórter, sonhava em chegar a âncora de telejornal. Hoje em dia, morro de saudade dos meus tempos de repórter", confessa.
A exemplo de outros viajantes profissionais, Edney Silvestre também gosta de viver perigosamente. Desde que se tornou correspondente da Globo em Nova Iorque, em 91, já perseguiu furacões em Honduras, conheceu de perto um vulcão no Equador e cobriu os atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos. A aventura mais perigosa, porém, aconteceu no Rio de Janeiro. No dia do desembarque, Edney conseguiu ser assaltado três vezes. "Naquele dia, eu podia ser morto por não ter R$ 10. Será que eles aceitariam cheque?", brinca.
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