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10.07.2005 | 03h00

Memórias do cárcere

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Alexandre Barillari é do tipo que não admite passar um dia sequer sem aprender algo de novo. Por isso mesmo, procura sempre tirar proveito dos trabalhos que faz para adquirir novos conhecimentos. Quando fez Chocolate com Pimenta, por exemplo, onde interpretou o cabeleireiro Beto, fez questão de aprender a manusear pentes e tesouras. Com Alma Gêmea, não poderia ser diferente. Só que, em vez de visitar um salão de beleza, Barillari conheceu de perto um presídio. Afinal, o personagem do ator na nova novela das seis é Guto, o assassino da bailarina Luna, interpretada por Liliana Castro. "Não sei se o Guto é um personagem grande da história, mas quero transformá-lo num grande personagem. Aliás, para mim, não existe papel pequeno", pondera Alexandre.

Por sugestão da própria irmã, a psiquiatra Adriana Barillari, Alexandre passou três dias no Ary Franco, na Zona Oeste do Rio. Lá, visitou as celas, conversou com detentos e, principalmente, levantou material para o personagem. Certo dia, chegou a ser recebido numa das galerias aos gritos de "Olha lá, o cara de Malhação!", numa referência ao papel de Tadeu que ele interpretou por dois anos no folheteen da Globo. O que mais surpreendeu o ator, porém, é que nenhum dos detentos se recusou a conversar com ele. Muito pelo contrário. Alguns até já solicitaram à direção do presídio que o ator volte para conversar com eles sobre o resultado do laboratório. "Foi uma experiência única. Não sei quando a vida vai me proporcionar outra experiência tão enriquecedora quanto essa...", dramatiza o ator.

P Ao receber o convite do Walcyr Carrasco, o que mais chamou a sua atenção no Guto?

R Foi o fato de ele ser um vilão e, principalmente, um vilão dessa grandeza. O Guto mata a heroína da história no primeiro capítulo. Nunca vi nada igual. Por isso mesmo, ele exigiu, da minha parte, um sacrifício maior e uma pesquisa também maior. Aliás, tudo nesse personagem é maior. Não sei se o Guto é um personagem grande na novela, mas quero transformá-lo num grande personagem. Afinal, não existe personagem pequeno para mim. Depende do valor e da importância que damos às coisas.

P Como surgiu a idéia de passar três dias num presídio?

R O universo do personagem, por motivos óbvios, é diferente do meu. Não preciso sair do meu quarto para saber como se comporta, por exemplo, um garoto de Copacabana. Basta fechar os olhos e imaginá-lo. No que diz respeito ao Guto, porém, precisava saber, mais do que qualquer outra coisa, o que motiva uma pessoa a puxar o gatilho... Li todos os compêndios de psiquiatria que a minha irmã me emprestou, mas achei pouco...

P Dos relatos que ouviu, algum em especial impressionou mais?

R Antes de mais nada, busquei detentos que tivessem um perfil parecido com o do Guto. Traficantes de droga, por exemplo, não me interessavam. As histórias em si até que são um tanto parecidas. O componente passional é sempre muito forte. É o que a psiquiatria forense chama de catatimia. Ou, se preferir, o amor é cego!. A maneira como os presos se comportavam também é interessante: o volume de voz era sempre baixo, o tom grave e os braços permaneciam cruzados.

P Houve relutância por parte dos presos de conversar com você?

R Não, nenhuma. Quando cheguei lá, não sabia exatamente o que poderia fazer. Só sabia o que não poderia, que era pernoitar. No entanto, fiz tudo o que quis: visitei as celas, conheci as solitárias... Muitos deles, aliás, me reconheceram de "Malhação". Há poucos dias, já soube, através da direção do presídio, que os presos solicitaram a minha presença lá. Querem saber o quanto eles foram úteis nas composição do personagem...

P Você concorda com quem diz que os vilões são mais prazerosos de interpretar que os mocinhos?

R Ah, plenamente! O vilão atiça um lado da nossa personalidade que não vem à tona facilmente. Todos nós gostamos de quem diz o que pensamos, mas não temos coragem de dizer, não é verdade? Ou, então, de quem faz o que gostaríamos de fazer e não fazemos? Pois é, com os vilões, acontece mais ou menos a mesma coisa...

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