18.01.2004 | 03h00
Sabe menininha criada pela avó? Agora esqueça. A avó que criou Penélope Nova, VJ da MTV e filha do músico Marcelo Nova, destoa de toda uma geração. Nas palavras da própria Penélope, sua avó paterna é a verdadeira louca da família, do tipo que amarrava a corrente da casa e a coleira do cachorro no pescoço, que se misturava no meio da galera afoita que freqüentava os shows do Camisa de Vênus e conseguia gritar no mesmo tom, palavrões similares, aliás.
Aos 30 anos, Penélope parece um gibi - nos seus braços não há mais espaço para uma tatuagem -, fala de sexo com desenvoltura incomum e, apesar de usar calça 38, destoa do biótipo das outras VJs. Mesmo fora do padrão MTV, desde que estreou, em 2001, tem ganhado espaço na emissora. Além do Câmbio, essa semana estreou no comando do
Desbocada e, aparentemente, agressiva, Penélope fala em tom infantil quando atende ao telefone do namorado. Também usa um colar com o nome dele, em um estilo parecido com aquela polêmica coleira usada por Luma de Oliveira em um desses carnavais. Polêmica, aliás, parece ser a única coisa que ela realmente é.
- Como virou VJ?
- Trabalhava no departamento artístico da MTV desde 1997. E, como era cabeluda, tatuada e peituda, me convidaram para fazer um teste para um programa no mesmo estilo do Fúria (programa de rock pesado), que tinha acabado. Ganhei a vaga e estreei no
- Rock pesado é a sua área?
- Sim e não. Eu ouço rock, gosto de coisas pesadas, mas nunca ouvi só metal. Tenho um conhecimento musical relativamente bom na área, mas não sou uma enciclopédia, nem é meu interesse. Essa coisa de saber todos os discos da banda, a música 2 do lado B do 7º álbum é coisa de menino. Sou mais instintiva.
- Você gostou de virar VJ?
- Acho que de todas as pessoas que passaram por isso eu fui a que menos notou o choque da atenção atraída. Sempre tive os olhos de todo mundo ao meu redor porque eu comecei a me tatuar com 18 anos, tinha o cabelo cor de rosa, fui careca, usava saia prateada...
- Isso te incomodava?
- Sim, mas não é o incomodar da privacidade, é o incomodar do julgamento. As pessoas te olharem e reagirem às suas tatuagens como se isso fosse determinante no seu carater é imbecil. As pessoas faziam um julgamento de caráter, de drogado, de vagabunda. Você sabe que, quando as pessoas me agridem, com tom de desaprovação ou de me ridicularizar, eu costumo latir. Lato e faço cara de louca.
- Na rua as pessoas se aproximam de você?
- Acho que essa coisa de eu falar alto, falar de sexo com uma certa naturalidade para muitas pessoas de um jeito desnecessário, aliás, diminuem o assédio. Mas eu não sei bancar a pudica, tento sim ter um comportamento diferente diante das câmeras, tento falar menos palavrões.
- Você é uma pessoa crítica?
- Eu sou crítica como se fosse uma outra pessoa que está ali. Não gosto da idéia de pensar, de refletir sobre o que eu teria de fazer. O que tiver de mudar, vai mudar naturalmente. Quando assisto me divirto. Dou muita risada comigo na TV.
- Você emagreceu desde que apareceu na MTV.
- Não fiz dieta. Uso calça 38, mas sou uma gordinha de alma. Durante muitos anos acordei cedo para nadar, correr e ir à academia, mas, depois de um tempo, isso parou de me interessar. Também porque academia virou moda. Já fiz muito regime na vida, coisas malucas como a dieta de Beverly Hills - uma dieta em que você tinha de comer só fruta durante 10 dias, carregava sacos de uva pela rua. Há alguns anos não faço nada e passei a emagrecer. Costumo dizer que é justiça divina.
- Você sempre pensa em chocar, ser diferente?
- Isso é tão da minha avó, quer dizer, da geração da minha avó, porque minha avó é a verdadeira louca da família. Ela amarrava a corrente da casa e a coleira do cachorro no pescoço e ia para o show do Camisa de Vênus e ficava gritando no meio da galera. Acho que pensar assim é ser simplista. Tatuagem é tão estético quanto usar brinco. Ok, é mais definitivo, mais sério, agressivo, mas é estético. Acho bonito e, graças a Deus, não é todo mundo que acha. Me incomoda é essa coisa da massificação do belo, essa obsessão pelo belo, por não ter celulite, por ser magra...
- Você se mudou para São Paulo com 12 anos porque seus pais se separaram. Foi traumático?
- A adolescência é um trauma, mas o lance da separação não foi tanto porque eles brigavam muito. Minha mãe me gerou, mas não desempenhava a função materna, quem fazia isso era minha avó. Minha mãe sempre foi o oba-oba da minha vida. Ela é linda e novinha. A gente saía, eu ficava com um cara num dia e ela ficava com o mesmo no outro e vice-versa.
- Por isso você é bem resolvida no sexo?
- Acho que sim. Isso fez com que eu encarasse o sexo com naturalidade, não que eu seja entusiasta. Pelo contrário, eu sou extremamente fiel, nunca traí nenhum namorado. Já tive várias experiências, já fiquei com meninas, eu e um namorado já tivemos uma namorada em comum. Saíamos nós três de mãos dadas.
- Sua família entendia?
- Claro que não, mas teve de engolir. O que era estranho é que meu pai era o cara do Camisa de Vênus e queria bancar o pai tradicional, mas não adiantava porque ele era o pai porra-louca.
- Você acha que seu comportamento influencia os adolescentes?
- Eu não sou Deus. Toda vez que tenho a oportunidade eu falo que tenho as mesmas dúvidas que eles. Sempre tem um grupo que fica na porta da MTV e eu acho uma b... porque poderiam estar no cinema, fazendo algo útil. Não gosto do assédio besta, daquele tipo: "ai, adoro você". Faço meu trabalho, me cobro para ser sincera, transparente, de verdade. Como as pessoas vão receber isso depende delas.
- Seu espaço foi angariado pela sua sinceridade?
- Sei lá, mas essa idéia de achar que eu sou diferente nesse mundo onde eu não me identifico com quase nada me faz feliz. É gratificante, quase justiça.
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