23.07.2003 | 03h00
Os diretores Adriano e Fernando Guimarães têm uma visão particular sobre a obra do dramaturgo europeu Samuel Beckett e isso fica claro no espetáculo Não Ficamos Muito Tempo... Juntos, que será apresentado nos próximos dias 26 e 27, no Teatro da UFMT. A peça, que mistura teatro, artes plásticas e expressão corporal, tem no elenco o mais novo ídolo do mulherio, o ator Marcello Antony, e o pessoal da Cia. Gabinete 3.
O espetáculo reúne cinco textos curtos de Beckett e marca a segunda parte da trilogia que os irmãos Adriano e Fernando Guimarães desenvolvem a partir do universo teatral criado pelo autor irlandês. Assim como na primeira, Felizes Para Sempre (1998-2001), os diretores colocam em cena objetos cuja função não é aquela para a qual foram criados. Eles têm função metafórica, funcionam como elementos de cena, assim como a luz e a sombra.
Em Não Ficamos Muito Tempo... Juntos esses elementos são banheiras, pedestais, armários, baldes e grandes sacos. A forma como os atores os utilizam e a tradução do método de investigação de linguagem tornam o trabalho bem mais do que uma montagem teatral de sua obra.
Para se ter uma idéia, a apresentação é dividida em quatro partes, unidas por uma quinta, uma peça sem texto - pelo menos falado - chamada "Respiração", de 1969. As outras cinco peças, que datam de épocas bem diferentes, são "Catástrofe" (1982), "Ato Sem Palavras II" (1956), "O Quê Onde" (1983) e "Jogo" (1963).
"Respiração" é a peça mais curta de Beckett e não tem atores, pelo menos aparecendo. Começa com a escuridão, seguida do choro de um recém-nascido. Um monte de lixo é, então, iluminado progressivamente, enquanto ouve-se um lento inspirar e expirar. Vem depois um novo choro de recém-nascido e mais uma vez a escuridão.
Em "Catástrofe" são dados os retoques finais numa última cena. Um diretor, sua assistente, um ator e um iluminador ensaiam uma peça. O diretor rejeita constantemente as sugestões feitas por sua assistente e manipula um ator inerte. Com Catarina Accioly, William Ferreira e Marcello Antony.
Já em "Ato Sem Palavras", com Antony e Alessandro Brandão, surgem dois sacos em uma plataforma retangular violentamente iluminada. No primeiro saco está o personagem "A", que é lento, desajeitado e ausente. No segundo, o personagem "B", que é vigoroso, rápido, preciso.
Os dois, cada um na sua hora e à sua maneira, saem dos sacos e cumprem uma rotina. Embora executem uma quantidade muito diferente de ações, os personagens têm que realizar suas tarefas durante o mesmo espaço de tempo.
"O Quê Onde" segue na mesma linha enigmática. Em um quadrado fracamente iluminado estão uma voz e quatro personagens que aparecem em sequência. Todos se vestem da mesma maneira. "Bam" controla e interroga os demais - ordena eles saiam do palco para confessarem uma importante informação. Durante a peça, um ciclo, da primavera ao inverno, se completa. No elenco estão Ferreira, Brandão, Bruno Torres e Alex Ferro.
"Jogo" apresenta três caixas no palco. Em cada uma uma cabeça - de um homem e duas mulheres. A peça apresenta, com humor, a história de um triângulo amoroso. Cada um dos personagens conta a própria versão dos mesmos fatos. Um inquisidor foco de luz determina quem fala e quando e o texto é falado de maneira extremamente rápida. No elenco, Antony, Dora Wainer e Catarina Accioly.
A qualidade da obra de Beckett e o trabalho desenvolvido pelos diretores Adriano e Fernando Guimarães já seria um bom chamariz para a peça, mas especialmente para as mulheres Não Ficamos Muito Tempo... Juntos tem um apelo a mais: o ator Marcelo Antony. Ele, hoje, consegue ser uma unanimidade. No papel do arquiteto Sérgio, marido da ciumenta Heloísa (Giulia Gam) em
Um tanto avesso a tietagens e sem se achar tão digno assim de tanta admiração por parte das mulheres, seus personagens fogem à imagem do típico galã. Já foi um traficante no filme Dia da Caça, um drogado na novela
Desde que estreou na novela Rei do Gado até hoje, aos 38 anos, Antony ainda não se acostumou com o sucesso. Ele nunca parou para pensar que divide a telinha com Rodrigo Santoro - mais de 10 anos mais moço, e pra quem não deixa nada a dever. Para ele, o Sérgio é outro golpe de sorte em sua carreira.
"Às vezes sou terceira, quarta opção. Vão tentando outros, e quando fecham o elenco sobra eu. Não vou desmerecer meu trabalho, mas dou sorte de pegar personagens secundários que crescem na trama". O resultado é mais visibilidade, mais trabalhos, mais grana. Antony diz que administra sua imagem, seleciona o que tem de melhor, que só cachê não basta para que ele opte por um papel. Mas pagando bem, ele até posaria nu para uma revista.
Serviço - O espetáculo
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Milho Disponível
R$ 66,90
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Algodão
R$ 164,95
1,41%
Boi à vista
R$ 285,25
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Soja Disponível
R$ 153,20
1,06%
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