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23.05.2004 | 03h00

Os atletas da matemática

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Tênis, bermuda, camiseta e um rosto que denota seus 17 anos, Alex Corrêa Abreu revela, meio tímido, algumas predileções. "Basquete e cinema nas horas vagas, além da matemática", diz o rapaz de Niterói, que é calouro da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Até aí, uma rotina típica de adolescente. Tudo muda, porém, quando ele conta que está concluindo o mestrado no Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa) - a mais importante instituição do gênero na América Latina - e já deu entrada em um pedido de bolsa de doutorado. O título da dissertação? O espectro de Markov e Lagrand.

O perfil de Alex é incomum, mas não entre os ganhadores das olimpíadas brasileira e internacionais de matemática. Realizadas anualmente, reúnem milhares de pessoas que encaram a disciplina como um desafio divertido - imagem muito distante da profusão de números e fórmulas monótonas que mais parecem um bicho-de-sete-cabeças. Todos os inscritos têm a oportunidade de experimentar uma matemática que foge à ensinada em sala de aula e parte deles é logo identificada como integrante da elite de pesquisadores.

"A olimpíada detecta, precocemente, os talentos que vão produzir para o país. Por isso, ela faz parte da política de desenvolvimento científico e tecnológico", observa Suely Druck, presidente da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), órgão responsável pela realização do concurso no Brasil. Alex, por exemplo, já sabe que vai ensinar e pesquisar matemática pura, especialmente a área de teoria dos números.

"Uma das aplicações mais populares dessa área é a construção de sistemas de criptografia, usados para codificar o envio de mensagens na internet", explica Suely. Assim como o colega de mestrado no Impa, Fábio Dias Moreira, de 16 anos, quer seguir o caminho do ensino e da pesquisa. Mas prefere aplicar a matemática na área de computação gráfica. "Já estou tendo contato com isso, pois, além da pós, comecei a dar aulas em um colégio. Ensino para turmas que vão participar da olimpíada", diz ele, que estreou em um concurso internacional aos 10 anos, em 1997, competindo com estudantes da América Latina, Espanha e Portugal. "Ganhei medalha de ouro", recorda, contando sobre a aventura de viajar sozinho para a Argentina, onde o concurso foi realizado.

Para Fábio, a olimpíada, seja brasileira ou internacional, "é a maneira mais fácil de entrar no mundo da pesquisa matemática". Por isso, instituições de ensino do mundo têm um olhar atento para a lista de vencedores. A cearense Larissa Cavalcante Queiroz de Lima, de 16 anos, por exemplo, ainda não decidiu em qual universidade quer fazer a graduação, mas já ganhou uma bolsa no concorrido Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos.

"Vou para o exterior porque escolhi um área de estudo que ainda não existe no Brasil. Gosto muito de matemática aplicada e quero me formar em Ciências Cognitivas. É algo superinterdisciplinar, que estuda o funcionamento do cérebro por meio da computação, da educação, da psicologia, da medicina e de várias outras áreas do conhecimento", detalha Larissa, que foi a primeira, e até agora única, mulher brasileira a ganhar uma medalha na olimpíada internacional, que reúne representantes de 86 países.

"Fui prata em 2002, no Reino Unido. E, no ano passado, no Japão, ganhei menção honrosa", conta ela, que é bem-aceita entre os homens. "É muito difícil encontrar outras mulheres na área, mas acho que isso está começando a mudar."

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