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remasterizado 16.09.2023 | 11h52

Após 20 anos, 'Oldboy' volta aos cinemas e mostra que continua uma obra-prima impactante

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DIVULGAÇÃO/PANDORA FILMES

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Quando foi lançado, Oldboy soou como uma martelada. Chocante, violento e com uma história que a todo momento se transformava, o longa impressionou o Festival de Cannes, em 2004, onde ganhou o Grande Prêmio do Júri, o segundo mais importante. Abriu o caminho para a chegada de Parasita, que ganhou quatro Oscar mais de uma década depois.

 

Como se não bastasse ter tornado o cinema coreano definitivamente mainstream no início do século, o filme foi recentemente relançado nos cinemas, em versão remasterizada com resolução 4K. Fora as questões técnicas, é impressionante como o longa mantém praticamente intacto o frescor e a capacidade de chocar, fruto da mente quase sempre magistral do diretor Park Chan-wook.

 

Oldboy gasta seus primeiros minutos nos apresentando Oh Dae-Su. Inicialmente o vemos como uma entidade vingativa, cujo rosto está escondido nas sombras, enquanto segura um homem que chora no topo de um prédio. Mas logo depois conhecemos seu outro lado, um tipo beberrão e repugnante da qual até os amigos sentem vergonha. Após brigar e ser detido, ele é sequestrado e colocado em um quartinho, onde permanece por 15 anos.

 

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Tanto tempo em um cubículo torturante o faz não apenas tentar entender quem foi o responsável pelo sequestro, mas também ser tomado por um intenso desejo de vingança. "Quando minha vingança terminar, eu poderia voltar a ser o velho Dae-Su?", pergunta o protagonista. Tão misteriosamente quanto foi preso, Dae-Su é solto, e aí começa um jogo no mais pleno sentido da palavra.

 

Assim como Parasita, o filme não deposita todas as fichas em cenas de violência, mas as mistura com referência à cultura pop (como a memorável cena de luta no corredor) e até a um certo pastiche dramático exagerado. Mas onde a obra-prima de Bong Joon-ho aposta em uma mensagem social com características quase universais, Park aproxima seu filme de dramas pessoais. Oldboy é carregado com niilismo corrosivo, espalhado nas falas e ações de seus protagonistas, soltos em uma brutalidade que desconhece consequências. Quem de fato está se vingando nesse jogo?, o roteiro questiona.

 

Há também um apuro visual inesquecível. Park é um obsessivo por detalhes, transições e cenas impactantes. Em sua odisseia quase mitológica de vingança e conspiração, Dae-Su descortina um passado assustador e um submundo decadente, onde coisas pequenas se tornam gigantes e voltam para assombrá-lo. Em outra das cenas icônicas, ele come um polvo vivo, como se rasgasse a própria carne e o passado aprisionado — a refeição, feita sem cerimônias, sacramenta o surgimento do novo Oh Dae-Su, renascido para a vingança, cuja primeira interação genuína com um ser vivo em 15 anos é pura destruição.

 

Da mesma forma, a trilha sonora é memorável por repetir o efeito trabalhado por Stanley Kubrick em Laranja Mecânica, ao unir cenas de violência com música clássica. Ao invés de Beethoven, Park lança mão principalmente de Vivaldi,  no trecho "Inverno" do concerto As Quatro Estações. Enquanto dentes são arrancados com um martelo, os gritos de dor se misturam aos violinos, o que causa uma perturbação dissonante.

 

Estranhamente, o resultado casa perfeitamente com os tons quase lendários da história narrada e a própria desumanização contínua do protagonista, que deixa de ser um tipo asqueroso e vira uma máquina bruta, cuja única engrenagem é a vingança.

 

Tudo culmina em um final assustador, brutal e traumático. Não há vencedores ou inocentes na reta final da punição. Não há qualquer prazer ao cruzar as linhas da moralidade e contemplar o abismo. Oh Dae-Su nunca cumpre os desejos do público de se libertar ao derramar rios de sangue: a prisão do protagonista apenas se torna um pouco mais espaçosa e permanente ao encarar seu destino.

 

Embora 20 anos tenham se passado, essa história trágica niilista ainda ressoará de forma poderosa para uma nova geração, que provavelmente irá descobrir a ambição estética e temática profunda dessa obra-prima em seu relançamento, um marco cultural absoluto. Não por acaso, foi continuamente referenciado e imitado por dezenas de diretores.

 

 

 
 
 
 
 
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