único brasileiro 01.12.2025 | 09h20

redacao@gazetadigital
Divulgação
Um longa-metragem concebido, escrito e gravado em Mato Grosso já circulou pelo Brasil e agora conquistou espaço em um dos festivais de cinema mais tradicionais do mundo. "Memória de Elefante" é um filme de Severino Neto, diretor mato-grossense que cresceu na zona rural, entre Campo Verde e Chapada dos Guimarães (a 131 km e 67 km de Cuiabá, respectivamente). Severino produziu uma história com cenas filmadas no cerrado e inspirada no Santuário de Elefantes Brasil (SEB). O longa, quando ainda era apenas um roteiro, foi finalista em uma competição em Portugal, em 2018. Agora pronto, o filme completo foi exibido no maior festival de cinema da Índia, realizado no estado de Goa.
A narrativa de "Memória de Elefante" apresenta duas perspectivas. De um lado, uma mulher de 60 anos, em luto, tenta se reencontrar em um santuário de elefantes; do outro, dois jovens da zona rural se conhecem e se apaixonam em meio a violências e disputas de terra. Um lançamento oficial é esperado para o segundo semestre de 2026, e a equipe se prepara para a exibição em cinemas.
Leia também - Após troca de projeto, Sinfra lança edital para túnel do Portão do Inferno
"Nós sempre inscrevemos os filmes em festivais com expectativa, mas entendemos que eles envolvem milhares de possibilidades e de inscritos. Entrar em um festival desse porte é muito honroso para nós. Além da vaidade de poder ter um filme de Mato Grosso, foi uma surpresa e uma nova felicidade", relatou o diretor Severino Neto ao
.
O 56º Festival Internacional de Cinema da Índia (International Film Festival of India – IFFI, no nome original) é um dos 15 festivais do mundo considerados de “Classe A”, ou seja, eventos de renome e tradição reconhecidos pela Federação Internacional de Associações de Produtores Cinematográficos (FIAPF). Este ano, ele ocorreu entre os dias 20 e 28 de novembro.
Na categoria “Cinema do Mundo”, o filme de Severino Neto não é apenas o único de Mato Grosso, mas também o único brasileiro. O IFFI, sendo o maior festival da Índia, proporciona visibilidade ao cinema do estado, que demonstra qualidade e possui uma identidade própria. Esse cinema pode se consolidar como uma nova referência cultural estadual.
“O cinema de Mato Grosso está cada vez mais em ascensão. Trabalhamos e tentamos isso há muitos anos. Ainda estamos engatinhando, mas começando a despontar no cenário mundial. Isso é muito importante, pois eu, como roteirista e diretor de cinema, busco falar, mostrar e compreender a nossa identidade. Como é que apresentamos a nossa identidade local de uma forma global? Não é um cinema genérico, é um cinema muito peculiar”, afirmou Neto.
Por pertencer a um ambiente semelhante ao retratado no filme, as vivências de Severino Neto trouxeram um conhecimento e uma visão que auxiliam na representação fiel da realidade vivida pelas pessoas, e não em um estereótipo imaginário de quem vive em outros lugares, o que seria mais difícil para alguém de fora. A equipe escolhida foi majoritariamente composta por mato-grossenses.
“Eu cresci aqui, então sei muito bem do que estou falando, sobre o que é e o que não é. Costumamos dizer que o estereótipo não está totalmente errado, apenas incompleto, e tentamos mostrar o que é de fato, inclusive no agronegócio. Quando fazemos uma crítica ao grande agronegócio, não significa que somos contrários ao agro como um todo, mas a segmentos específicos. Não significa que o agro é mau, e eu tentei fugir dessa ideia também”, explicou.
Inspiração
A inspiração para a criação do roteiro surgiu após uma visita ao Santuário de Elefantes Brasil (SEB). No local, Severino Neto encontrou uma mistura entre cerrado, plantações e áreas de preservação ambiental, com o Santuário no centro de tudo. A partir disso, nasceu a ideia de contar uma história de amor ambientada em um local semelhante, abordando questões que envolvem tensão, preconceito e memórias.
A personagem principal, uma mulher de 60 anos, tenta reorganizar sua vida no santuário após um luto. Ela tem sua rotina alterada ao conhecer um jovem da comunidade.
“E essa dicotomia, que eu vou chamar de ‘a soja com o cerrado’, chamou minha atenção. Então, tentei equilibrar essas duas histórias. ‘Memória de Elefante’ nada mais é do que uma história de amor e de resistência”, ressaltou Neto.
O roteiro nasceu em 2017 e, na época, recebeu um apoio financeiro governamental que foi efetivado apenas recentemente, possibilitando a produção final do filme. O tempo decorrido, entretanto, desde o edital até a produção, exigiu que fossem feitas alterações no roteiro.
Antes de a parte visual ser produzida, o roteiro foi finalista no Festival de Roteiros Guiões, em Lisboa (Portugal); Vencedor do pitching no 12º Curso de Formação Profissional do Núcleo de Desenvolvimento de Roteiros Audiovisuais; e premiado na categoria “Trabalho em Andamento” (Work in Progress) no 14º Festival de Cinema da Fronteira, realizado no Rio Grande do Sul, em 2023. Além disso, foi selecionado para outros laboratórios.
O diretor trilhou seu caminho pelo audiovisual após cursar uma faculdade na área de comunicação e se interessar por cinema. Em sua trajetória, já dirigiu o longa “A Batalha de Shangri-Lá” (VOD) e os documentários “Chumbo” (TV Brasil) e “Sísmico” (Amazon Prime Video Brasil).
Publicidade
Publicidade
Milho Disponível
R$ 66,90
0,75%
Algodão
R$ 164,95
1,41%
Boi à vista
R$ 285,25
0,14%
Soja Disponível
R$ 153,20
1,06%
Publicidade
Publicidade
O Grupo Gazeta reúne veículos de comunicação em Mato Grosso. Foi fundado em 1990 com o lançamento de A Gazeta, jornal de maior circulação e influência no Estado. Integram o Grupo as emissoras Gazeta FM, FM Alta Floresta, FM Barra do Garças, FM Poxoréu, Cultura FM, Vila Real FM, TV Vila Real 10.1, TV Pantanal 22.1, o Instituto de Pesquisa Gazeta Dados e o Portal Gazeta Digital.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem a devida citação da fonte.