07.12.2025 | 20h58
Divulgação
O anúncio de Jair Bolsonaro, feito de dentro da cadeia, de que seu filho Flávio seria o candidato da direita à Presidência em 2026, não foi um gesto político; foi um aviso. Uma peça de pressão. Um recado direto ao campo conservador: quem quiser disputar a Presidência com o apoio do clã Bolsonaro terá que colocar a anistia do condenado como prioridade absoluta.
A suposta candidatura nasceu como um movimento coreografado — e a reação de Flávio deixou isso evidente. O senador não recuou oficialmente, mas sinalizou que poderia abrir mão da pré-candidatura, e o fez deixando escapar a frase mais reveladora do episódio: “tudo tem um preço”. Disse o que não deveria, mas que todos intuíram. A candidatura não existe como projeto real — existe como instrumento de pressão.
O jogo real
Preso, isolado e enfraquecido, a principal preocupação de Jair Bolsonaro não é o futuro da direita, muito menos a construção de um nome competitivo para 2026. Seu único objetivo, neste momento, é articular sua própria sobrevivência política e jurídica. Para isso, usa a fidelidade de seus seguidores como moeda.
A equação é simples:
quer ser candidato pelo campo conservador?
Então prove, antes de tudo, que trabalhará pela anistia de Bolsonaro.
Este é o ultimato não declarado — mas perfeitamente compreendido por caciques partidários, governadores e parlamentares da direita.
Uma demonstração de força (ou de necessidade?)
Flávio Bolsonaro não foi colocado no tabuleiro para vencer, mas para marcar território. O movimento pressiona os demais nomes da direita — Michelle Bolsonaro, Tarcísio de Freitas, Romeu Zema, Ratinho Jr. e qualquer outro — a reafirmarem fidelidade ao clã antes de qualquer passo rumo a 2026.
Não se trata apenas de liderança; trata-se de sobrevivência. Bolsonaro sabe que, preso, corre o risco de perder protagonismo. Por isso, precisava criar um fato político que o reposicionasse no centro do debate. E conseguiu.
A senha para avançar
Ao lançar Flávio e permitir que ele próprio indicasse que “tudo tem um preço” para desistir, Bolsonaro estabeleceu as regras do jogo:
– O apoio do clã não será gratuito.
– Qualquer pretendente à cabeça de chapa terá que carregar a bandeira da anistia.
– Não haverá unidade da direita sem antes resolver o problema judicial do patriarca.
Para quem já ambicionava voos próprios, a mensagem foi ouvida com nitidez.
Conclusão
A chamada “candidatura fake” não é sobre Flávio, nem sobre 2026. É sobre impor condição, medir força e atrelar o futuro da direita ao destino judicial de Jair Bolsonaro.
O movimento segue o padrão do bolsonarismo: ruidoso, simbólico e inteiramente orientado pelas necessidades pessoais do líder — mesmo que isso paralise o campo conservador em torno de uma pauta única.
Bolsonaro está preso, mas tenta manter as rédeas da direita. E com a candidatura encenada do filho, mandou seu recado mais claro até agora.
Márcio Eça é jornalista e apresentador de TV
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