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Cuiabá, Quarta-feira 03/12/2025

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03.12.2025 | 10h32

3 de dezembro; o preconceito ainda cega nossos sonhos

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Tais Paula

Divulgação

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Hoje, 3 de dezembro, marca o Dia Internacional da Luta da Pessoa com Deficiência. É uma data para celebrar a resistência, mas, inegavelmente, é também um dia para lamentar o pertencimento que ainda é cruelmente negado a 18 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência.


Em meio ao debate público, criadores de opinião apontam a falta de políticas públicas; outros, a falha do próximo. Mas a verdade é dolorosamente simples: a sociedade que reclama da falta de inclusão é, muitas vezes, a mesma que destrói sonhos e exclui ativamente.


Como uma pessoa com deficiência que tenta, há 48 anos, simplesmente pertencer, meu dia começou cedo. Sou trabalhadora, gestora, e ouvia a TV em uma matéria que cortou a alma. Uma mãe narrava a perda da visão total de um lado do olho de seu filho, de apenas 10 anos, após uma agressão brutal por colegas dentro de uma escola no Rio de Janeiro.


Fiquei refletindo: se a educação é a base da sociedade, por que o ódio floresce em sala de aula? Onde estava a equipe gestora? Onde estão os direitos humanos e o conselho tutelar?


A verdade, nua e crua, é que o capacitismo — o preconceito contra pessoas com deficiência — sempre existiu. Ele apenas troca de nomenclatura. Antes disfarçado ou velado, hoje é escancarado, perpetuado por adultos e, sim, ensinado às crianças.


Enquanto a água do chuveiro caía sobre meu corpo torto, senti um misto de dor e tristeza. A dor da invisibilidade. Na escola, eu era a "diferente", a esquecida. Ser invisível dói tanto quanto ser agredida. Hoje, a "inclusão" parece vir na forma de agressão física, que machuca, quebra e cega. Como essa criança violentada vai querer voltar para o ambiente escolar? Eu mesma, muitas vezes, não queria, mas precisava.


Aos 48 anos, ainda enfrento o capacitismo no trabalho, na rua, no lazer. Talvez de forma mais sutil, pois meu conhecimento de causa me permite impor limites, mas a dor não é menor. A dor daquela criança é a mesma de milhares de pessoas com deficiência, a mesma de uma mãe atípica que tenta ser forte para o filho.


O que falta, verdadeiramente, no nosso Brasil e no mundo, é empatia e sororidade. É a capacidade de se colocar no lugar do outro. A palavra que muitos gostam de usar, mas poucos sabem vivenciar, é a única que pode mudar o mundo: AMOR.

Assinado: Tais Paula, mulher negra, com deficiência, que insiste e resiste em querer EXISTIR.
Cuiabá, 3 de dezembro de 2025, em uma manhã sem sol, do meu gabinete de trabalho como Superintendente Estadual da Pessoa com Deficiência de MT.

Tais Paula é Superintendente Estadual da Pessoa com Deficiência de MT

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