16.09.2018 | 00h00
Por mais absurdo que possa parecer, no Brasil existem inúmeras "leis que não pegam". São criadas, aprovadas, mas simplesmente não são cumpridas, em que pese sua importância e implicações negativas por conta do seu descumprimento.
Esse é o caso da legislação relativa à coleta e destinação adequada para os resíduos sólidos. Em 2010, foi aprovada a Lei número 12.305/10, instituindo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Em seu bojo, uma série de instrumentos importantíssimos que iriam permitir o avanço necessário ao país no enfrentamento dos principais problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos.
Entre os inúmeros itens que regulam o setor, e que não saíram do papel, estão metas que iriam contribuir para a eliminação dos lixões.
Infelizmente, passados quase nove anos, os lixões não só não foram eliminados como, ao contrário, continuam a crescer no país. A quantidade de resíduos enviadas para eles aumentou pelo segundo ano consecutivo.
De acordo com levantamento da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), em 2017 foram enviados para depósitos de lixo, sem nenhum preparo, 12,9 milhões de toneladas de resíduos urbanos, um aumento de 4,2% em relação ao volume verificado em 2016.
A quantidade representa que 18% de todos os resíduos produzidos no país e estão sendo depositados sem nenhum tipo de cuidado, seleção ou tratamento.
Considerada a pior forma de destinação de lixo que ainda sobrevive, lixões são proibidos desde 1981 e o uso deles transformado em crime ambiental em 1998.
No entanto, nada disso é levado em conta e o lixo continua sendo gerado de forma excessiva, pouco selecionado e, consequentemente, pouco reciclado, seguindo destinação incorreta.
O estudo aponta um aumento na quantidade de lixo produzida. Em 2017, foram geradas 214,8 mil toneladas de resíduos urbanos por dia, um crescimento de 1% sobre 2016 e um aumento de 0,48% no volume de lixo per capita.
Incremento esse que se explica muito pelo consumo desenfreado, excesso de embalagens, associados ao baixo índice de reciclagem.
E isso não é tudo, cresceu também o número de municípios que encaminham o lixo para esses locais. Em 2016 eram 1.559 e em 2017 passaram para 1.610.
Mesmo saturado desde 2008, o aterro de Cuiabá recebe em média 600 toneladas/dia só da coleta doméstica, o que equivale 15 mil toneladas mês.
Enquanto viabiliza um longo processo de licitação para a implantação de um serviço mais eficiente e adequado, a prefeitura lança mão de soluções paliativas, como a construção de células e áreas abertas em regime emergencial.
Com relação à coleta seletiva, o levantamento indica que cerca de 1/3 dos municípios brasileiros, ou 1,6 mil cidades, ainda não tem nenhum tipo de iniciativa para separar os resíduos de forma a permitir o reaproveitamento econômico desse material.
A destinação correta do lixo, segundo a legislação vigente, só atinge 59,1% dos resíduos urbanos no Brasil. Os aterros controlados, que apesar de terem algum cuidado na disposição, ainda são irregulares, recebem 22,9% dos resíduos.
Esse é o quadro, desolador.
Publicidade
Publicidade
Milho Disponível
R$ 66,90
0,75%
Algodão
R$ 164,95
1,41%
Boi à vista
R$ 285,25
0,14%
Soja Disponível
R$ 153,20
1,06%
Publicidade
Publicidade
O Grupo Gazeta reúne veículos de comunicação em Mato Grosso. Foi fundado em 1990 com o lançamento de A Gazeta, jornal de maior circulação e influência no Estado. Integram o Grupo as emissoras Gazeta FM, FM Alta Floresta, FM Barra do Garças, FM Poxoréu, Cultura FM, Vila Real FM, TV Vila Real 10.1, TV Pantanal 22.1, o Instituto de Pesquisa Gazeta Dados e o Portal Gazeta Digital.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem a devida citação da fonte.