27.07.2025 | 17h01
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Ser mulher é como carregar o mundo no peito — mas cada uma carrega um mundo diferente. Há quem acorde cedo para enfrentar uma reunião, pedindo, com o olhar, que a escutem. Outras acordam mais cedo ainda, mas para limpar a sala da reunião. Algumas lutam por um espaço na política, outras só querem poder andar na rua sem medo. Há quem seja calada por olhares, e há quem nunca tenha sido ouvida.
Enquanto algumas se preocupam com a maquiagem certa para parecerem competentes, outras precisam provar que sua existência sequer é uma ameaça. O racismo, o machismo, a lgbtfobia, o capacitismo, a desigualdade — tudo isso se mistura como uma trama de nós apertados demais. E ninguém vê o quanto dói, a não ser quem carrega esses nós na pele, na alma, na história. No Brasil, por exemplo, dados do IBGE de 2022 mostram que mulheres negras recebem, em média, apenas 46% do rendimento de homens brancos.
A interseccionalidade não é só um termo bonito que se aprende nos livros. É uma lente. Um espelho. Uma porta. Ela nos faz enxergar que não existe uma única forma de ser mulher, nem uma única luta a ser travada. E que, se quisermos mesmo justiça, precisamos ouvir com atenção: a mulher trans, a mulher negra, a mulher periférica, a mulher indígena, a mulher com deficiência, a mulher que não lê este texto porque ainda não teve tempo de descansar. Em 2022, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública revelou que 722 mil mulheres foram vítimas de violência doméstica, e 38% das mulheres brasileiras relataram ter sofrido algum tipo de assédio ou ameaça na internet, conforme pesquisa do Instituto Avon.
Os números assustam — mas o silêncio assusta mais. É ele que normaliza o medo. Que silencia a dor. Que faz parecer que é só um problema de algumas, quando, na verdade, é um problema de todas nós.
É por isso que não dá mais para falar de “as mulheres” como se fôssemos uma coisa só. Somos muitas. Somos plurais. E cada voz que ecoa carrega uma urgência. Cada história pede espaço. E respeito. A verdadeira revolução feminina começa quando paramos de tentar nos encaixar em um molde e começamos a nos escutar de verdade.
Porque quando uma mulher se levanta, outras se levantam com ela. Mas, para isso, é preciso que ninguém fique invisível.
Jacqueline Cândido de Souza é advogada, servidora pública e militante ativa na defesa dos direitos das mulheres e no enfrentamento da violência de gênero.
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