03.05.2017 | 00h00
Na semana passada, houve uma tensa manifestação de sindicalistas, estudantes e professores nas ruas de Goiânia contra a reforma trabalhista proposta por Michel Temer. O batalhão de choque da Polícia Militar foi chamado para conter o protesto e atirou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. Entre eles estava Mateus Ferreira, 33, estudante de Ciências Sociais. Vídeos feitos por celular mostram que o rapaz está presente no ato, mas não tem qualquer atitude de confronto. Para não se intoxicar, ele cobre o nariz com a camisa e tenta correr, mas é interceptado violentamente pelo cassetete de um policial, que o atinge no meio do rosto. Absolutamente sem razão. No boletim de ocorrências confeccionado depois, o agressor cria uma história - isso é absurdamente comum - para justificar a pancada brutal: disse que Mateus e outro homem estavam espancando uma terceira pessoa e a PM teve que intervir. Diante da clareza das imagens, a mentira teve perna curta. O PM foi afastado e Mateus está na UTI, recuperando-se de uma cirurgia de reconstrução dos ossos da face. O golpe foi tão forte que provocou uma série de consequências em seu corpo, como insuficiência renal. O caso Mateus é autoexplicativo. Ele não era "parasita de sindicato", tampouco "vagabundo sustentado pelos pais" ou ainda "socialista de smartphone", como ficaram tachados os manifestantes da greve geral da última sexta-feira. Trabalhava desde os 14 anos, formou-se em Tecnologia da Informação e tinha um bom emprego em São Paulo, mas decidiu trocar tudo por um projeto social e pela oportunidade de estudar o curso que o interessava em Goiânia. Não recebeu pão com mortadela para inflar o movimento. Ou seja, toda generalização é burra, adaptando à famosa ideia de Nelson Rodrigues. Há pessoas que, mais do que as outras, são movidas por desafios, vocação, sonhos. Não se conformam em fazer da vida algo eternamente previsível. E se decidem protestar contra alguma política pública que julgam ser nociva, isso não quer dizer necessariamente que estejam defendendo alguma bandeira partidária, entidade ou agremiação. Fazer greve é direito previsto em lei, assim como o direito de se manifestar, desde que, claro, o ato não descambe para o vandalismo e a violência. Houve e haverá tentativas de desqualificar protestos públicos, dependendo da natureza da mobilização. E boa parte desta intolerância seguirá sendo emanada por quem julga de longe e quer "enquadrar" toda a humanidade dentro dos seus limitados conceitos de vida.
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